domingo, 18 de julho de 2010

não tenho sono,, que querem.. depois dá nisto


Em tempos de escola, da escolinha, dos 14/15 anos ( vulgo idade da parvoíce ) havia um rapaz na minha escola ( haviam mais mas é sobre este que quero debitar coisas ).
Esse rapaz era dos mais giros da escola, ( nessa idade o conceito de giro passava até mais pelo alarido das raparigas em relação a eles, do que propriamente por atributos físicos surpreendentes mas claro que, por norma, tinham características agradáveis ao olhar, vamos pôr as coisas nestes termos. )
Ele em particular, era ( e é.. ) loiro, tinha ( e tem.. ) olhos azuis, e jogava ( humm,, já não sei se ainda joga tão bem) futebol. De qualquer forma, são critérios únicos e particulares que faziam 99,9% das miúdas andar a suspirar pelos cantos. Género burrinho burrinho mas giro que doí. Oh meus amigos, com 14 anos, ele podia nem saber ler que acho que as miúdas nem se importavam, mas pronto.
Um dia, do nada, esse miúdo disse-me que gostava de mim e eu, deficiente mental, como a idade assim o permitia, achava giro estar nessa posição e deixei-me levar pelo encantamento da coisa. Namoramos, e vamos chamar-lhe isso porque na altura era isso que lhe chamávamos, uns tempos.

Mas Eva Luna, tas a escrever o post as 4 da manhã, para que raio queremos nós saber do namorado do 9º ano? Calma, já vão perceber.

Hoje estive com ele. 5 anos volvidos. Ele namora com uma amiga minha e fomos todos tomar café. E ele, um dos rapazes mais giros, mais pretendidos, mais mimimimi, agora é o maior turn off. Estive uns tempos a ouvi-lo sobre as problemáticas associadas a.. entregar pão.
Não é que não as tenha, acredito que sim, não é que seja nada indigno, muito pelo contrario, mas ouvir, no meio de um grupo de estudantes universitários, cheios de sonhos e expectativas, um rapaz de 20 anos, conformado à vidinha , que quase que se lhe traça a vida enquanto ele fala sobre a dificuldade do trabalho no Natal porque é entrega de pão, bolos-rei e pães de ló.
O trabalho é dignissimo, a falta de metas é que não.
Ele e a actual namorada ( na altura também das mais giras da escola ) não entraram na universidade, perderam-se algures pelo secundário quando as disciplinas se tornavam mais, e mais complexas. Se faz falta escola? Se faz falta a capacidade de desenvolver raciocínio, de debitar sobre o mundo, sobre a ciência, a actualidade, de livros? Acho que sim. Se há pessoas que a têm mesmo sem escola? Há e bastantes, mas ele não faz parte delas. Se há pessoas que entregam pão que têm metas, objectivos, que se esforçam por os conseguir, por se cultivarem si próprias? Há, mas ele não é uma delas.
5 anos depois, é a imagem do culto da imagem. Felizmente que cometi esse erro aos 14 e me apercebi da insensatez. No fundo, não é mais do que uma maça envenenada.
Prova-la é um erro comum, que, mais tarde, pode ser limitativo e frustrante, a quem olha apenas por fora e não por dentro.

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