segunda-feira, 8 de maio de 2017

(In)definições

Por estas alturas ando meio atormentada.
Sinto que o processo de ir morar com o namorado foi meio súbito. Num momento estava a partilhar casa com outras miúdas e com toda a margem de tempo para ir com calma e pensar bem neste processo e de repende puff! o namorado surge-me com uma hipótese de apartamento para alugar e vai na volta (e de repente) tivemos que decidir num esfumar e sem equacionar muito bem todos os contras.
Não que o processo esteja a correr mal, mas a situação de "viver junto" nunca esteve realmente nos meus planos e a rapidez ou a falta de planeamento (ou seja lá o que tenha sido) fez com que se arrastassem algumas situações que ficaram por resolver.

Incomoda-me alguma indefinição das coisas. Este "estar até ver".
O namorado diz que é tudo uma inconstância e que não sabemos o futuro para dar um passo seguinte. Indefinições sempre vão existir. Estabilidade é sempre uma utopia. Se por um lado concordo com ele e sempre pensei muito por essa linha de raciocinio agora começa a fazer-me comichões. Incertezas sempre vão existir. O que é certo é que temos os dois trabalho, estámos na mesma cidade e moramos juntos, que mais é suposto acontecer?

Por outro lado, as minhas hesitações são de outro âmbito, será que é algo que vai resitir a longo prazo? São 7 anos de namoro, ou seja já passamos os anos dourados em que tudo é fantástico e estámos meio que anestesiados pela descoberta daquele relacionamento.
Agora estámos no dia-a-dia, há roupa para lavar, há meias no chão, há contas para pagar. Não me fascina casar (como nunca fascinou) porque já não tenho a ilusão do óh meu deus já não aguento estar um dia sem ti ou casar vai ser fantástico porque acabaram-se os problemas, porque sei que não é assim, contudo esta indefinição também me atormenta.

Falhamos em algumas coisas, neste momento nem eu falo abertamente que moramos juntos com muitas das pessoas que me conhecem (mas que vivem geograficamente longe) porque grande parte da minha família não entende este estado das relações (e o que leva as pessoas a terem motivação para estar juntas e não para assumir um compromisso), o que faz com que em certas conversas tenho que me estar sempre a controlar para não me descair. Neste tempo todo nem os nossos pais se conhecem e muitas pessoas já começam a achar isso demasiado estranho (e é de certa forma). Enfim.

Aceito comentários, julgamentos, ideias que me ajudem a ver esta situação com mais clarividência, que é coisa que não está a acontecer neste momento. O que acham? Como foi convosco? O que fariam diferente do que fizeram?

  

12 comentários:

Daniela disse...

:) leio o teu blogue mas não costumo comentar.
O meu primeiro pensamento... Porque é que tens assim tantas dúvidas? Aconteceu alguma coisa que te deixe de pé atrás para tanta resistência ao avançar dessa relação?
Pergunto isto pq estive numa situação muito idêntica... E o meu mal foi demorar muito tempo a ganhar coragem para tomar certas decisões.

7 anos já te deve ter dado para perceber o que estás disposta a aceitar "para o resto da vida" e o que não estás. É uma balança de que deves ter consciência.

Se eu puder ajudar em alguma coisa diz! :)

Sílvia disse...

Bem, eu namoro mais ou menos ao mesmo tempo que tu e não moramos juntos ainda. É uma coisa que temos falado com mais regularidade ultimamente e eu confesso que se por um lado me entusiasma por outro me assusta.
Os nossos pais sabem que namoramos, não é "escondido", mas também não faço questão de conviver muito com eles. É uma relação de bom dia/boa tarde/boa noite. Não vou propriamente aos jantares de família, nem ele vem aos meus. De vez em quando dizem-me que isso é um bocado estranho. Até pode ser, mas não estou nem aí.
Por outro lado, acho que se avançarmos e formos viver juntos, pelo menos da parte da minha família acho que entenderão. E acho que da parte dele também, até porque o irmão dele vive com a namorada à algum tempo.
Nunca senti o desejo profundo de casar, e sinceramente, com o tempo o desejo (se algum dia existiu) é cada vez menor.
Isto tudo para dizer o quê? Que só vocês podem saber o que é melhor para o casal, e que a vossa felicidade (a morar juntos, separados, casados, não importa) tem de ser superior à opinião dos outros. Interessa é que estejam felizes.

wwwalittlebitofppink.blogs.sapo.pt disse...

Olá!
bem eu e o meu namorado fomos morar juntos em Agosto passado ao fim de quase 6 anos juntos (fazíamos em Outubro)e depois de um período separados. Se foi fácil?Não. Se está a ser fácil? Não.
É muito diferente de quando se namora mas ao fim do dia cada um vai para sua casa.
A coisa que mais notei é que ele vinha "estragado" pela mãe, embora ele seja muito desenrascado e no que toca a ajudar-me a cozinhar ou arrumar ele ajuda. Mas há pequenos pormenores que estava habituado à maneira da mãe e achava que assim é que devia ser.
Aquilo que mais me custou foi a "falta de espaço", isto é, ás vezes querer estar sozinha, ou fazer uma coisa sem ter que lhe dar atenção e não poder.

Quanto à questão dos pais, os nossos já se conheciam antes de aniversários e tal, mas quando fomos morar juntos uns tempos depois fizemos um jantar lá em casa com pais e irmãos.

Se me perguntares se acho que isto vai durar para todo o sempre eu digo-te que nesta fase nem eu sei. Mas acho que nunca sabemos não é. Acho que aqui aplica-se um bocadinho aquela frase do "a felicidade é o caminho" por isso é ir andado enquanto formos felizes.

Espero ter-te ajudado.

Que tudo corra bem e se puder ajudar em mais alguma coisa estás a vontade.

Beijinhos

elipicas disse...

Ola Eva,

Posso estar enganada, mas a ultima parte parece me que estas a dar demasiada importancia ao que as outras pessoas pensam e nao ao que sentes... Os vossos pais nao se conhecem , so what? o que as outras pessoas pensam ou deixam de pensar nao deveria importar. o que importa e se estas feliz vivendo com ele, e no estado que a vossa relacao esta agora.. Em termos da evolucao da relacao parece me que se nao queres casar este e o proximo passo a tomar..

Isto e apenas o que penso de acordo com o que eu li... o mais importante e ser feliz e se es feliz nesta situacao, entao nao o resto que se lixe :D

beijos!

Unknown disse...

Olá Eva Luna,

Conheço o teu blog à imenso tempo só que nunca comento.
Mas hoje este post mexeu comigo, basicamente namoro à 7 anos e caso daqui a uns dias, connosco foi tudo +/- direitinho, namoro assumido, famílias conheceram-se à relativamente pouco tempo e o próximo passo é o casamento, mas também não conseguiria viver eternamente nesse "estado de indefinição". Não estou a dizer que é certo ou errado, simplesmente eu acredito que não podemos viver com a ideia "vamos ver no que isto dá", contudo não estou com isto a dizer, que devem casar já, fazer uma festa gigante.


Por aqui vamos casar numa cerimónia simples com os amigos e família mais chegados (já começo a ficar ansiosa), mas podem simplesmente apresentar famílias, selar um compromisso e ponderarem como será o futuro, o que cada um quer da relação e qual o próximo passo.

Por vezes, fica mais simples quando ligamos o "descomplicómetro", visto que já moram juntos, não é um papel ou uma aliança que vai mudar muita coisa, mas essas etapas são o reforçar do compromisso que assumiram no inicio do namoro e que eu acredito que devem acontecer para nós mulheres (inseguras por natureza) sentirmos mais confiança na nossa vida, no parceiro e no futuro que se aproxima a passos largos.

Espero ter ajudado e desculpa o testamento.
Beijinho, Juliana



Eva Luna disse...

Obrigada pelos comentários!

Daniela: não aconteceu nada em particular mas em 7 anos já conseguimos perceber onde é que a compatibilidade falha e isso assusta um pouco. :)

Silvia: Provavelmente a opinião da minha família é a que mais me afeta :/

Catarina: Sem dúvida e eu sempre precisei muito do meu espaço e às vezes é difícil explicar que só quero estar sozinha, sem preguntas, que não estou chateada que não tem nada a ver com ele

Eva Luna disse...

Elipicas, parece que o ser humano é naturalmente insatisfeito :) ou é o ser humano no geral, ou sou eu em particular :p

Juliana eu partilho completamente da tua opinião, eu gosto das coisas bem planeadas (e acho que foi nisso que falhamos) o "logo se vê" mexe-me com os nervos! :)

Anónimo disse...

Olá

Sigo o teu blog quase há 7 anos mas não me sinto segura de comentar, uma vez que também tenho um blog e sei que às vezes não gostamos da opinião que nos vão dando.
Desta vez senti uma necessidade grande de te falar...
Eu, já é a 2a vez que estou a viver com um namorado e, na primeira vez, também tinha estas dúvidas.
O que realmente importa ou deve importar para nós mulheres ( sim porque para os meninos nada importa, uma vez que gozam de um estatuto diferente perante a sociedade) é a opinião da nossa família. Apenas e só.
Se gostas dele, entao desliga o complicador, aproveita a vossa vida, e assim que possivel regulariza a questão com a tua família.

Uma coisa importante que tens que ter em atenção é a forma como lidas com isto em relação a ele, porque da minha primeira vez, perdi a pessoa com quem vivia devido a esta insegurança e a todos os conflitos que originei.
Hoje consigo ter essa percepção.

Relaxa e aproveita o que de bom tem viver com a pessoa que amamos.

Quanto ao casamento, vão pensando com calma nisso, e se ele estiver de acordo então só tens que estar segura.

Um beijinho doce

Anónimo disse...

A decisão de morar junto deveria ter sido ponderada e tomada a dois, o que não parece ter sido o caso. Neste momento sentes que foste "empurrada" para uma situação que não querias. Sete anos são muito tempo. Hábitos instalados que eram convenientes, pelo menos para ti, e dos quais te custa abdicar. Não te sentes confortável e cada vez vai ser mais difícil aceitar o que não desejavas. Mais ainda o facto de após tanto tempo as famílias (os mais próximos, pai, mãe, irmãos) não se conhecerem. Tenho exemplos próximos de situações muito idênticas em que conhecer a mãe do namorado foi um desastre. Julgo que estes ingredientes não auguram futuro. Lamento dizer-te.
Mozi

Cynthia disse...

Primeiro, acho que nem deves considerar casar-te, se não for essa a vossa vontade, só porque as pessoas (ainda que sejam da tua família) não entendem o conceito de "união de facto". Depois, se namoram há 7 anos, é realmente uma surpresa assim tão grande irem viver juntos? Não é a mesma coisa que namorar em casas separadas, mas de quanto tempo precisas para ter essas certezas? Também não deves dar importância ao que as pessoas, no geral, pensam. O meu namorado/marido (vivemos juntos há 4 anos, não somos casados) convive mt com os meus pais, vem a jantares de família, mas eu muito raramente convivo com a família dele. Os nossos pais conhecem-se, por causa dos convívios de natal que começaram a ser um pouco diferentes desde que nos juntámos. Mas o pai do meu filho esteve comigo (em casas separadas) durante 3 anos e os nossos pais só se conheceram no fim da nossa relação e apenas por causa do nascimento do pequeno. Com a pessoa que está comigo agora, viemos viver juntos com 1 ano apenas de relação, porque achámos que era a altura certa. Mas cada casal decide o seu próprio timing e nunca a opinião alheia deve ser um factor decisivo em nada. Eu não fazia nada diferente. Foi uma adaptação virmos viver juntos e houve coisas que tivemos que deixar decididas, porque gerir uma casa em conjunto não é o mesmo que viver com os pais. Mas, ainda assim, houve coisas que tiveram que ser limadas com o tempo.

Eva Luna disse...

Obrigada pelas vossas opiniões!

Anónimo disse...

Namoro há 10 anos mas somos ainda jovens e só agora a vida está a compor-se. Pensamos ir viver juntos para o próximo ano e estou super ansiosa! A questão é que aqui as coisas têm sido bem ponderadas e muito discutidas. Não foi uma decisão do pé para a mão, como parece ter sido a vossa. Também temos que ver que há pessoas que têm diferentes formas de viver os relacionamentos e de ver o futuro. No nosso caso, sempre ansiamos por viver juntos assim que fosse possível. Não faz sentido, para nós, continuarmos na situação que estamos, cada um para seu lado, e isso só tem sido assim porque até agora não tínhamos as condições necessárias para sair de casa. Contudo, pelo que depreendo, para vocês não era uma questão com tamanha urgência, foi algo que surgiu e pronto, se não tivesse surgido também não seria pensado tão cedo (pelo que percebi disto tudo, claro).

O facto de estarem nessa indecisão é completamente compreensível para mim. Sempre quis morar junto, mas também sempre quis casar e ele não quer. Para já, estamos decididos que vamos morar junto e o resto não sei. Mas a parte de morar junto sempre foi acordada e é isso que se espera como "decidido". O casamento pode ou não vir, logo se vê, mas não está nos planos. Para ti parece que o morar junto viria depois do casamento e é aí que esta sensação estranha que sentes reside. Se querias casar, penso que deverias ter ponderado melhor este ir viver junto e logo se vê. Se é importante para ti e para a tua família, certamente ele já saberia isso em 7 anos de namoro... Deviam ter falado melhor. A questão é que não é tarde para tratarem de falar das coisas em condições e resolverem as indefinições :) Boa sorte!

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