quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Indignados, indignados everywhere

Eu ligo a televisão e só vejo indignados, indignados everywhere.
As greves são um direito, contudo não um direito democrático, pois muitos de nós não podem fazer greve, como bem sabemos.
Eu acho que isto já chegou um pouco longe de mais, mas alguém explique que muitas das propostas apresentadas não são financeiramente viáveis? E que muitos destes profissionais já só trabalham 35horas!! É o sonho para muitos de nós trabalhar 35 horas, certo? "Ah mas as nossas profissões são assim e assado, por isso justifica-se as 35 horas, mimimi".
Querem uma listinha de profissões de intenso desgaste que trabalham 40h a 60h semanais? 40h no público são muitas horas, por isso vamos passar a 35h, mas depois vão fazer horas para o privado, justo não é? 

Não tiro o mérito aos enfermeiros, mas também entendo que muitos não têm vocação para exercer as funções que exercem. Já trabalhei em contexto hospitalar e a frieza com muitos doentes eram assistidos era algo que me arrepiava, uma vez assisti a um utente acamado começar a sufocar e a passividade e a demora do enfermeiro a ir assistir aquela pessoa desnorteou-me, não é que tivesse nada mais importante para fazer... simplesmente foi com toda a calma, caminhando lenta e descontraidamente pelo corredor mesmo depois de já ter sido alertado. A mim que estava a assistir junto com outra colega, ambas em pânico, não deixou uma impressão nada boa. Provavelmente não assisti aos melhores exemplos, que os há certamente, mas não me posso esquecer do que vi em contexto real de trabalho e meu deus... Um pouco mais de humanidade não fazia mal a ninguém.

Estas greves têm trazido prejuízos gigantescos para o sistema nacional de saúde, tem deixado milhares sem assistência e cirurgia e isso é, como dizia um eurodeputado, criminoso... A palavra é criminoso. Há que haver consciência!

Reivindicam aumentos de 400€, reforma aos 57 anos, entre outras alterações que custariam 500 milhões de euros ao Estado.

Que me desculpem os enfermeiros, mas chegamos ao cúmulo do ridículo, não vos serve? Há muitos colegas desempregados que gostaria de estar no vosso lugar. Querem ganhar significativamente mais? Então tirem Medicina. 

2 comentários:

Seriously Kidding disse...

Reforma aos que? 57 anos?! Oh well… definitivamente fui para o curso errado.

marci disse...

Concordo a 100% com o teu post.
As exigências que a Ordem tem feito não tem muito fundamento dado o estado do país. Reforma aos 57? Ninguém se reforma tao cedo em lado nenhum, isso seria insustentável.
Vivo no UK, trabalho no NHS e os enfermeiros reformam-se aos 66 como toda a gente (sim, cá é aos 66 e irá aumentar gradualmente para 68). Não existe 'estatuto de enfermeiro'nem beneficiam de salários estupendos; trabalham full time ou part-time se assim preferirem, se for full time, trabalham as 37h30 semanais que é o que se pratica por cá.
Consigo perceber a revolta, no entanto, há que ter mais noção.

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