sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

O que é que foi isto?

O que é que foi isto e porquê é que nos odeias? É tudo o que devíamos perguntar a 2020.

Este ano está a ser um desafio à economia, à saúde e à sanidade mental de todos nós. É até seria mais fácil colocar as coisas nestes moldes, culpando o ano com a expectativa de ser isto mesmo e de o próximo já ser melhor. Ninguém sabe se será mas todos queríamos ter uma data para nos agarrarmos, mas isso não existe.

Temo que o natal e a passagem de ano propiciem uma explosão de casos, que possamos colocar quem gostamos em risco, de nós próprios nos colocarmos à mercê da sorte. Seria provavelmente mais fácil se fossemos culturalmente uma sociedade mais fria, mas está-nos no sangue a proximidade, o convívio, a família. É só um Natal, não é assim tão complicado mantermos o afastamento, então qual a razão de nos sentirmos sistematicamente atraídos pela ideia de nos juntarmos, mesmo com medidas pensadas para tentar reduzir o risco.

Dou por mim tentada a ir a casa no Natal, sou só eu a ir, mas mesmo assim penso no risco que lhes posso causar. Eu sei que é algo que pode acontecer no dia-a-dia mas a tranquilidade de saber que não fui eu que causei nenhum dano de maior é algo que não terá preço, mesmo assim cá estou eu com ideias nonsense de ir a casa.


É um absoluto contra-senso, se todos pensarem como eu, como provavelmente vão pensar: “ah, somos só 3”. Tenho receio que três, quatro, cinco pessoas neste natal possam ser demasiadas e que Janeiro estejamos a pagar a fatura de termos esta necessidade de estarmos presentes, de não deixarmos a família “sozinha”. Esta dualidade entre sermos quem lhes pode prestar assistência, romper um pouco a solidão com a sensação de sermos igualmente a ameaça e podermos provocar uma doença, sequelas ou morte em quem nos é mais importante ou a nós próprios é absolutamente surreal.


1 comentário:

Cynthia disse...

Por aqui o Natal foi só mesmo com pessoas com quem convivemos regularmente. 24 com os pais e irmãos dele (vivem todos na mesma casa) e 25 com os meus pais e irmã (também todos da mesma casa). Este ano não houve avós, tios nem primos para ninguém.

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