quarta-feira, 18 de maio de 2022

Sentar. Reavaliar. Redefinir.


Durante toda a vida é-nos incutida a facilidade que é engravidar. Do género: cuidado! há um descuido, sai uma criança. Na minha aldeia, algures no distrito do Porto, mas longe de tudo, este cenário era recorrente: Os maridos trabalhavam fora, na construção civil, e as mulheres eram donas de casa. Uma gravidez nestas circunstâncias era o perpetuar de um legado de dificuldades. Not fun. 

Nunca pensei sobre o facto de constituir família, o que eu sempre tive presente foi estudar, começar a trabalhar e organizar-me a partir daí. Distanciar-me de algo que podia comprometer a minha capacidade de fazer escolhas e não ficar subjugada a uma situação daquelas que eu via nos vizinhos do lado. Algumas das crianças com quem eu andei na primária são hoje mães de adolescentes com 15 anos.

Nesta fase, com 31 anos, começa a ser normal nos depararmos com as experiências dos nossos amigos e na percepção de que poderá não ser fácil, que muitos deles estão inclusive em processo de tratamentos de fertilidade. Só em amigos próximos são 4 casais, pelo menos. Não é algo de que se fale muito e deixa-nos a pensar.

Acho que só percebemos que queremos algo quando alguém nos diz: "lamento, mas não é possível". Tenho medo de ter passado grande parte da vida com este medo de engravidar e um dia alguém nos diga isto mesmo, bem sabemos como a vida é bem irónica most of the time

Só há uma certeza... é que não vale a pena sofrer por antecipação, quando for, que seja o que tiver que ser.

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