segunda-feira, 5 de junho de 2023

No trabalho

A propósito do post anterior lembrei-me de um episódio que me aconteceu no outro dia.

No meu trabalho entrou uma jovem (21/22 anos, quando ela nasceu eu já ia ao pão) e eu gosto realmente da miúda, acho-a competente e boa pessoa.

Este ano o namorado (28 anos) convidou-a a irem morar juntos na casa dele, onde vive sozinho, uma vez que já namoram há 2 anos, ele entender que seria o passo lógico, ela estar a pagar renda numa casa alugada e partilhada, etc.

Ela contou-me num misto de ligeiro receio, mas entusiasmo. O meu primeiro pensamento foi "ah, és tão jovem para esse passo...", mas depois combati este mesmo pensamento com: "Eva Luna, estamos em 2023, as coisas são diferentes" e dei-lhe toda a força, se ela achava que fazia sentido então o importante é isso.

Partilhou comigo todo o entusiasmo de decorar uma casa em conjunto, tornar um apartamento de homem, num apartamento de casal onde há conjuntos de pratos e copos e tachos bonitos. O entusiasmo era contagiante.

Numa ida a uma loja vi uma peça, uma taça de loiça para um patê, uma coisa de nada e pensei vou comprar-lhe uma lembrança para a casa nova.

Ofereci-lhe e ela agradeceu, mas não voltou a falar sobre a casa. Umas semanas depois ela partilhou que depois de eu lhe dar aquilo ela chorou horas em casa. Depois de 2 meses o namorado percebeu que afinal não foi o passo certo e arrependeu-se. Podiam ser namorados, mas ela não podia morar lá em casa. Ela já tinha deixado a casa onde morava, perto do trabalho e para onde ia a pé, na localização certa uma vez que ainda não tinha carro. Teve que ir morar para casa dos avós, porque as rendas estão uma selva, que é longe e onde não há transportes. Fiquei triste por ela.


Nunca vamos saber quando os passos que damos foram os certos, se foi cedo, se foi "ao lado", mas também é isso que nos dá a experiência e maturidade para fazermos o nosso caminho. É preciso tentar, dar uma oportunidade, concordo que há pessoas com 21 que têm mais experiência de vida e bagagem de eu com 25 anos ou até 30. O mais importante é que estas tentativas não pesem, não condicionem, não assombrem o futuro e tentarmos arranjar conforto no "foi mau, mas foi melhor agora, do que mais tarde".

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