quarta-feira, 9 de outubro de 2024

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Hoje preciso falar-vos de um amigo meu. Tenho um amigo que perdeu o pai quando era bebé, faleceu.
Desde sempre foi ele e a mãe contra o mundo. Contudo, a mãe teve cancro e faleceu ainda andávamos no secundário. Ele ficou sozinho, órfão, sem irmãos ou família próxima.

Uma dor de alma de ter calhado esta sorte a uma das melhores pessoas que conheço, ele tem um coração mesmo bom.
Seguiu da aldeia, no norte, para a cidade sozinho e licenciou-se em Lisboa, sempre focado, sempre resiliente.

Casou e quis criar o seu próprio projeto, um projeto de agricultura biológica para "respeitar a flora e o meio ambiente", a par disso era sapador florestal e trabalhava no MacDonalds. É uma pessoa de trabalho e os equipamentos, licencias e afins começaram a avolumar-se e começaram a haver muitas contas para pagar.

A mulher, enfermeira, alistou-se no exercício e hoje faz missões em zonas de tensão com a Rússia, para tentar ajudar a equilibrar as coisas. Está muito tempo fora, em sacrifício.
Ele fica cá, sozinho, como já há vários anos lhe calhou, infelizmente, em sorte.

Agora é bombeiro e tirou o curso de TvDE para trabalhar nas poucas horas que sobram, porque precisa de dinheiro para alimentar o seu sonho.

Depois de muitos anos de licenciamento este ano a produção arrancou e, a esposa, militar que agora está cá, ia todos os dias cultivar as coisas de noite, com uma luz. Aqueles terrenos são terrenos que ele herdou da mãe, os terrenos e a casa são o que restou da sua família e então fazem o esforço de tentar ver aquilo prosperar.

Nestes incêndios toda a sua produção ardeu. E é aqui que nos congela o coração. Ele, que nunca baixou os braços, nunca, começa agora a fraquejar. 

Eles têm um tratamento de fertilidade uma transferência de embriões marcada para dia 30, mas estão os dois de rastos. São tratamentos muito caros e têm falhado ao longo dos anos. 
 

Não haverá uma única pessoa que não diga que ele merece o mundo apesar de tudo o que sucessivamente lhe vai acontecendo. 
Enfim, é uma triste realidade. Enquanto ajudava outros perdeu aquilo que tinha, o seu sonho, só restou a dívida enorme que contraiu para investir na agricultura.


É muito difícil saber como ajudar este meu amigo, mas ainda assim queria pedir-vos que assinem uma petição, que pede ao parlamento que analise a equiparação de incêndios intencionais como atos terroristas. Pelas vidas que se perdem e que destoem, pelo meio ambiente, pela fauna e flora e pela gratuitidade com que se inflige terror no outro, sem remorso, sem peso na consciência. Se puderem, por favor, assinem:

1 comentário:

Anónimo disse...

Por favor leve este caso à televisão, Goucha, Júlia e afins. Conseguem em minutos dar respostas que por vias normais demoram séculos. Acredite!!

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