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Hoje é a minha Páscoa.
Sim, é uma semana depois, eu sei, eu sei.
Hoje, pela primeira vez, não há pessoas que cubram todos os metros quatrados da minha varanda e que me façam dúvidar que uma simples varanda consiga aportar com tanta tanta gente. Hoje pela primeira vez não há crianças a irem bisbilhotar no meu quarto, a tropeçar em tudo em quanto é sítio nem a deitarem um frasco inteiro de camaroezinhos à tartaruga, ups, também já não há tartaruga.
Hoje, pela primeira vez, não há pessoas a pisarem o beje e muito beje tapete da sala.
Hoje, pela primeira vez, não tenho que pôr mesa para 20 ou 30 pessoas.
Hoje, pela primeira vez, não há rapazes a trocarem de roupa no meu quarto.
Hoje, pela primeira vez, não se vai ouvir todos a falar ao mesmo tempo, 15 conversas cruzadas e o barulho de 80 talheres.
Pela primeira vez, hoje é um dia perfeitamente normal.
E amanhã, pela primeira vez, não haverá pilhas de loiça até ao céu, mesas para tirar nem sala de estar para arrumar.
Se me faz falta? Sim. Se acho melhor assim? Apesar de tudo, sim, é melhor assim.