terça-feira, 30 de novembro de 2021

Sensação boa


Estas mini mini férias deixaram uma sensação boa. A sensação de estarmos numa cidade e aproveitarmos com calma, com tempo, que é uma coisa que normalmente nunca temos.

As nossas viagens têm sido incríveis, porque temos visto tanta tanta coisa, temos optimizado todo o tempo para ver o mais que podemos, mas isso vem com o preço de tudo estar cronometrado e de não dar para parar muito.

Contudo, agora que já passamos pelas cidades que mais queríamos absorver tudo, como Londres, Paris, Barcelona, Amesterdão, Madrid, em que éramos novos, frescos, fofos e sedentos por museus e marcos históricos, agora sinto que já nos podemos dar ao luxo de estar numa frequência diferente e aproveitar os sítios que queremos conhecer com mais calma, sentir o pulso à cidade, comer um gelado, parar num sítio para ouvir uma musica, aproveitar uma esplanada, sentar num parque, só porque sim. Sevilha deu-nos essa frequência e soube muito bem. Não esquecer que sentimos que podíamos mesmo relaxar, não fazer nada se não quiséssemos, sentimo-nos seguros e descontraídos, e que podíamos estar só a ver as pessoas, os rituais das famílias, os piqueniques, os passeios de bicicleta e estava tudo bem. É bom e está alinhado com esta nova fase das nossas vidas.


Sentimos que o tempo e a idade já começam a mudar algumas coisas na nossa forma de viajar, para alem da forma como planeamos as nossas viagens, nomeadamente:

- Se chegarmos tarde e mesmo que o hotel seja perto e haja transportes públicos ou chamamos um Uber ou vamos de táxi. Mais simples, mais prático, com menos erros.

- Já gastamos mais no alojamento e damos mais importância onde vamos ficar e à localização.

- Temos promessas de abandonar as mochilas às costas e substituí-las por confortáveis malas de rodinhas, esta última ainda não cumprimos, mas lá chegaremos.

 

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Rumo ou falta dele


Ter sanidade mental, estabelecer um rumo, ter os pés bem assentes na terra parece algo relativamente exequível, ao alcance de todos, mas é mais difícil do que se possa imaginar.

Pois que é fácil de perceber que algumas pessoas andam completamente perdidas, absortas da realidade.

Ontem atendi um jovem de 31 anos, que já tinha vindo à consulta há dois anos. Há dois anos confessava-me que o seu objetivo de vida era começar ali uma carreira como jogador de futebol profissional. Quase que isto chega para tirar 20 ilações. Ontem voltou, com manifesta ansiedade e perfil depressivo, parecia "fora do ar", como se estivesse "só à superfície", aquele estado que pode ser provocado pela medicação e o deve ajudar a controlar estas questões, mas não deixo de pensar que aquela pessoa tanto está bem, como daqui a nada lhe pode dar assim qualquer transtorno, que aquela pessoa conduz e eu não tenho a certeza que esteja 100% consciente e alerta de tudo o que anda a fazer, o que me deixa preocupada por quantos iguais a ele andem por aí. Pessoas ditas normais, mas que na verdade estão alienadas da realidade, com um julgamento distorcido e incapazes de estarem a 100% nas coisas.


Outros casos que vou conhecendo também nesta faixa etária são pessoas que parece que ficaram para trás. Não no sentido cognitivo, mas na vida. Pessoas que sentem que falharam a entrada no mercado de trabalho, por exemplo, que falharam relacionamentos ou que por nunca os terem vivenciado estas "ausências" geraram bloqueios nestes aspetos das suas vidas. 

Eu conheço alguns casos (e desconfio que possa ser um problema de dimensões bem superiores ao que eu estimo, a afetar um espectro mais alargado) de pessoas com 30 anos que deveriam fazer realmente terapias, onde os ensinassem ferramentas do mundo real, de trabalho, de comunicação. Esta geração é a primeira em que esta incapacidade também é subsidiada pelos pais, que os querem proteger até que percebem que provavelmente a coisa foi longe demais. Nesse momento parece-me um pouco tarde para mudar padrões enraizados. Falo na primeira ou nas primeiras porque na geração dos meus pais isso não era opção, independentemente de existirem até limitações as pessoas eram obrigadas a enfrenta-las, porque o cheque do pagamento era uma necessidade vital o que, de certa forma, forçava a integração. Trabalhar, lidar com pessoas era uma necessidade, criar relações decorria naturalmente desse processo. Hoje sabemos que se nos quisermos refugiar atrás de um computador a vida "segue normalmente", arranjamos mil distrações, podemos trabalhar, comprar comida, gadgets. No que eu vejo agora falo de pessoas inteligentes, capazes, instruídas, mas que depois são absolutamente ineficientes em determinados aspetos da vida, que os condicionam em absoluto. São uma fatia rara da população, uma parte pequena (mas lá está posso estar a subestimar a coisa), mas andam por aí, sem rumo, pouco integrados, sem perspetivas e com falta de apoio e salvaguarda do Sns. A saúde mental deve ser uma preocupação, por eles e pelos outros.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Dificuldade de concentração


Não sei explicar, mas ando com uma dificuldade enorme em ter foco, em me conseguir concentrar.

Não sei se será algum efeito da medicação, que me traga algum cansaço, se será de sentir que a minha carreira profissional está estagnada, que precisava de estar num projeto mais desafiante, se precisarei de um hobby qualquer para me distrair um bocado, para ser xixi do cérebro, para eliminar os ficheiros que ficam aqui a ocupar espaço. 

Sei que estou com a capacidade de concentração ao nível de um - 7, de 0 a 10, e não estou a conseguir contrariar. Sinto que não estou a conseguir fazer um bom trabalho, nem é cansaço físico ou falta de férias, não é isso. É um cansaço psíquico, é uma incapacidade de arranque, de cumprir uma tarefa do início ao fim. Sinto que estou numa fase boa da vida, positiva, mas por outro lado sinto-me drenada, gasta, sem saber muito bem os motivos. Sinto que o meu cérebro é uma página cheia de separadores em aberto, a consumir recursos, mas sem o meu foco.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

App Vinted


Acho que todos concordamos que compramos demasiadas coisas, uma parte delas sem utilidade e que vamos usando pontualmente, outra parte que nunca chegará a ser utilizada, mas que ocupará eterno espaço de arrumação e outra parte que será, de facto, útil.

Ora, depois de anos a comprar de forma impulsiva, de outros tantos a tentar abandonar esse hábito e a criar critério naquilo que compro, eis que cheguei a ponto onde racionalizo as compras que faço. Hoje em dia se compro umas calças já me questiono seriamente se precisava, se são uma mais-valia ao guarda-roupa, umas simples calças, que provavelmente não justificam tanto alarido. Tento ser bastante racional, porque se é giro comprar roupa e que a roupa faz toda a diferença na apresentação de uma pessoa? na segurança, na credibilidade que transmitimos? sim, sabemos que faz. 

Agora como equilibrar isso com o bom-senso de não se ficar refém da indústria, do marketing, das redes sociais? Difícil.

Tenho desinvestido em roupa, direcionando esse dinheiro para viagens e poupanças. Dar 60€ por um casaco, por exemplo, não é nada de especial, vamos pôr as coisas nestes termos, mas não é que me custa dar esse valor? É como se estivesse a dar 100€, 150€... Não estou, mas custa-me.

Nesta luta entre quilos de roupa que não uso, sei que não vou usar, mas que mantenho religiosamente guardada, e alguns desejos de consumo instalei a Vinted. Até agora o feedback é positivo. Acho que o futuro tem que passar mais pela consciencialização e que a sustentabilidade têm que deixar de ser aquela coisa que dizemos para parecer bem, mas uma real preocupação.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Promoções dos brinquedos no Continente

Num fim-de-semana destes que passou, em que fomos às compras para casa, estavam umas promoções de brinquedos no Continente. Meio que nos passava ao lado não fossem os carrinhos atolados, as pessoas com 4 ou 5 prendas nos braços, sem espaço para mais, numa azáfama como se o mundo fosse acabar num duelo de Playmobile.


Pelo que me ocorreu "que raio andamos a fazer às nossas crianças". Nós adultos, eu incluída, andamos a querer entupir os miúdos de prendas e brinquedos, como se a felicidade deles dependesse disso, e está tudo errado. É a guerra de qual pai oferece mais, de que tio oferece mais. Amigos, está tudo errado.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Primeiro Natal de Casados


O que significa que é a primeira vez que vamos decidir como e com quem vamos passar o Natal. Até então eu tenho passado sempre com a minha família e o namorado marido, com a dele. Notem que somos de distritos diferentes, o que torna a logística mais complexa.

Se assim já me parece uma tarefa super difícil, nem quero imaginar quando se tem que dividir o tempo por pais ou sogros separados, porque efetivamente o tempo não estica ou as divisões das datas das crianças entre pai e mãe separados. É sempre algo penoso, numa época em que deveria ser só mantas, quentinho da lareira e família.

Chegamos de Sevilha


e não é que Sevilha é uma escapadinha incrível?



Comecemos pelo início. Sevilha foi uma das prendas de aniversário que ofereci ao maridão. Oferecer memórias e não só bens materiais foi o objetivo. Ele já tinha falado de Sevilha, mostrado fotos, mas nunca falamos concretamente em lá ir, aparecem sempre na lista trinta destinos que teriam prioridade na nossa travel wishlist.
Com o casamento e lua de mel esgotamos as nossas férias todas, e mais houvessem, então isso elimina todas as possibilidades de fazer férias lá fora, pensei eu. Excepto se fosse um lugar longe o bastante para sentirmos que estamos fora, mas perto o suficiente que um fim-de-semana seja suficiente. Tem que ter coisas novas, mas não podemos escolher um sítio que saiba a pouco, em que ficamos tristes por não aproveitar o suficiente. Eis que a resposta foi então: Sevilha.

Resumo das contas de mais uma viagem dos forretas do costume:


Viagens: 7€/viagem (30€ duas pessoas) absolutamente imbatível na Ryanair


Estadia: Hotel Ibis (primeira noite com pequeno-almoço) e Pensão São Pancrácio (duas noites): 65€ + 70€ (optamos pelas comodidades básicas, uma vez que passaríamos todos os dias fora)

Transferes:
Aeroporto - Ibis: Uber 8€
Pensão - Aeroporto: Autocarro linha especial aeroporto 4€ x 2 = 8€ 
Não usamos mais transportes, uma vez que a cidade se faz bem a pé.


De fora fica a comida e as entradas nos espaços culturais, que irão variar conforme os gostos pessoais de cada um, mas cabe-me dizer que à segunda-feira as entradas são gratuitas na maioria dos museus e que as Setas de Sevilha, que é absolutamente imperdível, são sempre 5€ a 8€ por pessoa.  


Cheia de vida, de cultura, de espaços verdes, Sevilha é mesmo um destino a não perder. Não são daquelas tretas que se dizem nas agências de viagens. Gostamos mesmo, mas claro que cada um terá a sua própria experiência. A minha sugestão é evitar os meses de verão porque me parecem demasiado quentes, mas é uma cidade que dá uma escapadinha perfeita na primavera ou no outono, pelo bom tempo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Próxima viagem: Sevilha


Next stop: Sevilla!
Já andamos a preparar a próxima viagem. 
Vai ser uma fugida de fim-de-semana a Sevilha. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O que querer de uma relação?


Há sempre esta ideia muito presente de que precisamos de alguém para sermos felizes. Se é verdade que não precisamos, sabemos também que há coisas que são melhores quando divididas.

Nem sempre tenho a certeza que nós, enquanto humanidade, conseguimos aproveitar esta dádiva, que é a vida ou se nos deixamos absorver pelo cansaço do dia-a-dia.

A coisa mais valiosa depois da saúde, é a paz. Muitas vezes prescinde-se da nossa paz, para se estar com alguém. Troca-se paz por "companhia". Muitas pessoas preferem estar em guerra "juntas", do que em paz "sozinhas". É preciso coragem para tomar esse passo, o da valorização da paz, acima de todo o resto.

Em 2019 uns amigos nossos deram-nos a notícia de que estavam noivos. Ela convidou-me para bridesmaid, eu fiz o design dos convites e fui participando em tudo nos preparativos. Depois do covid ter chegado eis que eles, tal como nós, nos vimos forçados a adiar o casamento.

No caso deles, o covid impediu um erro. O casamento deles era um erro. Não havia paz e sabemos que quando falta a paz restam poucas coisas.

É preciso coragem para acabar uma relação numa fase em já se entregaram todos os convites, já se escolheu quinta, vestido, fato, música, fotógrafo. No fundo quando já só falta dizer o sim. A decisão foi acertada e deu-lhes uma coisa que eles nunca iam ter, que é: paz.

Eu sei que os anos pesam nas decisões, bem como as questões logísticas, financeiras ou familiares, mas não há explicação de defina bem a mais-valia que foi eu ter crescido com paz. Claro que há problemas, claro que há desentendimentos, mas haver o sentimento de paz, que a nossa casa é um refúgio onde há paz, é algo que não tem preço. 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Netflix: You

Andamos a ver a nova temporada da série You. Com o crush do Penn Badgley, que fazia Gossip Girl. Não é "a" série, mas dá para prender ao ecrã, com uma série rebuscada e um bocado mórbida, sem ser creepy.

Se não viram e querem ver, parem aqui s.f.f.

Fizeram do protagonista um stalker, que se apaixona e que flirta com todas as mulheres que se atravessam com ele, que fica obcecado só porque alguém lhe diz "bom dia". Nesta temporada o Joe é casado com a Love e têm um filho, o Henry. A temporada foca nos desafios dos protagonistas quererem manter uma família, de proteger o filho, de criar um ambiente que não tiveram em criança, de ter aquela família estruturada, presente, unida e que se torna objeto de fixação, sobretudo dele, do Joe. Bem como dos desafios do casamento, da monogamia, do compromisso a uma só pessoa, que os dois falham redondamente, sem ser preciso muito.

Ficção à parte, as relações não são algo estático, há pessoas que entram e saem dos vários contextos sociais onde as pessoas estão inseridas e que se podem aproximar demasiado, mas a minha opinião é que as coisas só acontecem se houver abertura para tal. Não deixa de criar reflexão para quem está a assistir, o que é positivo. 

Faltam-nos dois episódios, vamos lá ver se isto promete. 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Em época de Web Summit

O futuro tem uma palavra: Tecnologia. Eu não sei para onde vamos, nós enquanto sociedade, mas não é difícil prever que o futuro será uma guerrilha de avanços tecnológicos, desde a saúde, na banca, no entretenimento, no imobiliário, na forma como nos transportamos, como comunicamos.

Quando escolhi a minha área de formação nunca pensei, nem de longe, nas tecnologias da informação. Nem por sombras. Achei que estava mais vocacionada para tudo menos para isso, entrei em saúde e foi uma decisão lógica, baseada em algo que eu achei que teria a ver comigo. Acertei.

Apesar de achar que fiz uma boa escolha, à luz do que sei hoje, foi uma bad bad decision em termos profissionais. Se pudesse, se achasse que seria capaz, coisa que tenho as minhas dúvidas, hoje faria, sem sombra de dúvida, uma reconversão profissional. Sei que daqui a 20 anos, se ainda cá estiver, vou olhar para trás e perceber que vivi esta fase do boom tecnológico e fiquei a ver a carruagem a passar. 

Primeiro a procura supera a oferta. Por si só estamos a falar de profissionais com mais margem de evolução. Não estão contentes no projeto atual? Há milhares de outras opções, há centenas de outras empresas em  busca de profissionais, podem aprender outras coisas, outras ferramentas, outras linguagens. 

Salários acima da média. Melhores condições de trabalho. Não me parece que seja preciso dizer mais.

Quem há dez anos atrás escolheu informática provavelmente não sabia que "iria ter o mundo nas mãos" uns anos depois, provavelmente nem se apercebeu que tomou uma decisão inteligente, estratégica. A questão é que isto não é exclusivo de que já entrou neste comboio, quem ingressar agora estará nas mesmas circunstâncias provavelmente, no futuro. 

Se todos podemos ser a mesma coisa? Claramente que não. Se a diversidade é uma mais-valia? Sem dúvida. Mas sentada numa mesa de informáticos é impossível não perceber que são eles que vão dominar "o mundo", que vão trabalhar em projetos megalómanos, ter melhores salários e provavelmente melhores condições laborais. Não se fala no stress, nas horas de formação ou especialização que esta área exige, claro que sim, mas também importa não esquecer que isso também as outras áreas têm, sem um quinto destes privilégios.

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