Epá, nem sei como começar isto, mas vamos lá.
Ver-te, depois de todo este tempo, é um murro no estômago. Um murro dado com toda a força, que torna o dito órgão do tamanho de uma avelã. Bem sabes que sempre tive o meu sistema nervoso no estômago, por isso calculo que não seja surpresa para ti. Errei muito em toda a nossa história e que jeito que dava saber na hora que estamos a fazer algo errado, que o mesmo só vão dar merda e causar sofrimento. Que há sempre uma forma melhor de se fazer tudo. Que bom que era que soasse uma sirene: Alerta! Alerta! Isso vai dar asneira! Alerta! Alerta! De forma a que tivesse feito as coisas de maneira diferente. Mal sabia eu o peso na consciência com que fiquei por ser tão bruta, quando as coisas acabaram. Devia ter tido mais atenção e não ter feito tantos cacos ao redor.
Quando olho para os teus olhos ainda percebo o motivo pelo qual me apaixonei. Fazias o meu tipo. Nada a fazer. Apesar disso, eras emocionalmente imaturo e eu, que sempre fui tão centrada, nunca consegui perdoar esse facto. Contigo sentia-me presa. Sentia que havia sempre um lugar mais interessante para estar do que contigo. Que era uma pena termos saído juntos, porque o que eu queria mesmo era estar com os meus amigos, as minhas pessoas. Mas, apesar disso, gostava de ti, ou achava que gostava pelo tanto que gostavas de mim. Acho que amava que me amasses daquela forma. Ambos sabíamos que era assim e tu nunca devias ter permitido isso, te contentado com isso. Aí erraste tu. Disseste-me várias vezes que não fazia mal que assim fosse, que não importava. O importante é que tivéssemos juntos, mas ambos sabemos que ninguém seria feliz assim.
Eras o namorado que o meu pai gostava que eu tivesse. E eras o namorado que eu gostava de ter se não tivesse faltado a peça-chave: te amar, verdadeiramente.
Eu quero acreditar que amei, caso contrário e depois de 4 anos, acho que este murro no estômago não passava de uma pequena brisa, mas não o posso afirmar convictamente, não vá de alguém ao ler este texto transcrever alguma destas minhas frases e dizer: alguém que diz isto não pode ter amado esta pessoa! e ai eu teria que encolher os ombros e concordar, mas eu quero acreditar que sim, que amei.
O que é facto é que, por ter feito tudo mal, me assombra esta culpa que não passa e já lá vão 4 anos! Quem diria, que uma história mal resolvida me ai causar tanto mal-estar, tantos pesadelos, tanta consciência pesada. O meu erro foi achar que se me odiasses me esquecerias mais facilmente e eu dei-te todos os motivos para isso, para que fosse uma dor que erradicasse o sentimento e que te permitisse seguir em frente. Fiz tudo ao contrário. Meti os pés pelas mãos. E temo só sentir que o capítulo esteja verdadeiramente fechado, até te pedir desculpa olhando-te nos olhos, olhos que antes só tinham o meu reflexo, mesmo que não me queiras ver nem coberta de cristais swarovsky. Acho que só ai vou conseguir escrever o verdadeiro "The End".