Aos vinte e poucos anos somos altamente instruídos e dotados de imenso conhecimento técnico, mas experientes em coisa nenhuma. Aos vinte e poucos construimos as coisas do nada. Estamos apenas seguros da nossa insegurança. Convictos nas dúvidas de um futuro incerto. Autónomos, mas com muletas. Financeiramente aflitos, aos vinte e poucos tornamo-nos contadores de tostões. Quem diria que luz, água e gás não se pagariam misteriosamente todos os meses? Afinal chegam as contas e por mais que os tentemos fintar, ficam ali, à espera de serem pagas, as cínicas. Ter vinte e poucos anos é viver sem rede. É ter os amigos mais longe. É se viver desencontrado de quem se gosta. Ter vinte e poucos anos, hoje em dia, é viver com a mala feita, na iminência do que a necessidade obriga. Ter vinte e poucos anos é não poder trabalhar porque não se tem experiência, nem se conseguir ter experiência, porque não se consegue trabalhar. Ter vinte e poucos anos é ter passado a vida a ouvir que só os estudos e o empenho nos trariam frutos e agora perceber que neste tempo todo se esqueceram de plantar as árvores de onde, supostamente, germinariam esses frutos.
3 comentários:
"É se viver desencontrado de quem se gosta. (...)Ter vinte e poucos anos é não poder trabalhar porque não se tem experiência, nem se conseguir ter experiência, porque não se consegue trabalhar."
Como compreendo esta dura realidade!! -.-
É que é mesmo...Tenho esperança que os trinta sejam diferentes.:)
está tão perfeito! Sinto-me muito assim, tantas e tantas vezes.
Enviar um comentário