Eu não tinha intenção nenhuma - era contra mesmo - em viver junto antes de casar. Cresci num meio pequeno, nunca ninguém na minha família tinha decidido "morar junto" e eu também não queria nada dar esse "desapontamento" aos meus pais, que sempre fizeram tudo por mim. Sempre achei que a fazer as coisas devia fazer de forma correta, seja lá o que isso for.
Há uma frase de alguém que namorou anos, foi viver junto, separou-se e após encontrar outra pessoa disse "vou casar antes de ir viver com esta pessoa, desta vez quero fazer as coisas de forma correta" e isso ficou-me na memória. A trabalhar em cidades diferentes ir viver com o namorado nunca foi sequer uma opção, mas quando consegui trabalho em Aveiro, cidade onde trabalhava o meu namorado, as coisas precipitaram-se. Eu sempre disse "eu vou para Aveiro, mas eu não quero ir morar junto", aluguei um quarto e estava porreirinha da vida, mas mais perto do namorado, que era uma vantagem uma vez que antes trabalhava em Valongo, onde não tinha rigorosamente ninguém e tinha um trabalho precário.
O namorado, a viver em casa dos tios, ia-se arrastando em lamentações: "Ao fim-de-semana nunca posso ficar até mais tarde a dormir porque tenho que tomar o pequeno-almoço com os meus tios", "Ohh, os meus tios não gostam de futebol, por isso acabo por nunca ver os jogos do Porto", "Não vou jogar futebol com os meus colegas para não alterar as rotinas dos meus tios..." e muitas coisas mais.
Resisti sempre, uma vez que não era o que eu tinha em mente quando decidi ir para Aveiro, não tinha sido isso que tínhamos combinado e muito menos sabia como iria contar aos meus pais, se tal acontecesse.
Um dia chega ele com a notícia "uma colega disse-me que está um apartamento no prédio dela para alugar, mas temos que decidir imediatamente".
Pois que fui meio atropelada para decidir algo que não tinha ponderado verdadeiramente, coincidiu no momento em que uma colega de casa, onde eu morava, tinha deixado a torneira aberta propositadamente e gasto 1m3 de água, num dia, como vingança de outra que também lá morava e pronto acedi.
Isto tudo para dizer o quê, jovens, se partilham os mesmos ideais que eu não façam isso, depois dá-lhes amnésia... já podem ver os jogos do Porto à vontade, já podem ficar na cama até ao meio dia de sábado e pronto, já mais nada importa. Casamento? Um dia talvez, quem sabe, teremos que eventualmente falar sobre isso, um dia, assim num futuro longínquo.
Não sei se deva ficar contente e a não dar certo pelo menos não fizemos a burrice de nos casar, por outro triste por não termos as certezas necessárias de tomar essa decisão e o que raio estamos a fazer em investir anos de vida em algo sem futuro.
Convenhamos... 8 anos... é que se ainda não há certezas dificilmente haverá...
6 comentários:
Nós estamos juntos há 6 anos, vivemos juntos há 5, eu já tinha um filho de 3 anos quando começámos a namorar, engravidei este ano e casámos apenas há 3 meses. Fiz tudo pela ordem inversa, segundo os padrões antiquados do que é um curso normal de vida familiar. Claro que isto é apenas uma questão de opinião pessoal e cada uma vale o que vale, mas a pessoa não querer casar ou achar que não quer não significa, de todo, que não queira ficar o resto da vida com a pessoa com quem está... sabes disso, certo? Por outro lado, casamento não significa que é "algo com futuro", caso contrário ninguém se divorciava. És feliz a dividir a tua vida com ele? E ele é feliz a dividir a vida contigo? Acho que isso é o essencial e não se são ou não casados ou se isso algum dia irá acontecer. Acho também que não deves perder muito tempo a matutar nisso, porque podes "sabotar" a tua relação sem necessidade com essas ideias. Há muitos casamentos que duram menos tempo do que já tem a vossa relação. Pensa nisso.
Eu pensava como tu, até que ao fim de 4 anos de namoro (também por circunstâncias profissionais) fomos viver juntos...
Ao fim de 4 anos casámos, apenas porque nos apeteceu e já lá vão 4 anos de casados...
Eva Luna compreendo-a muito bem. Mas deve pensar que o essencial é terem a certeza dos vossos sentimentos, e do que pretendem para fazerem a felicidade um do outro. Casar pode acontecer ou não. Deviam assumir um compromisso, mas pode não ser com o casamento. Conheço um casal de 37 anos que resolveu viver junto porque ele não quis casar. Ela gostaria de se casar mas ele nunca quis. Parece que quis seguir o exemplo dos pais, que só casaram há pouco tempo para poderem vir para Portugal. Desconheço o motivo. Esse casal de jovens é muito feliz e já têm um menino com seis anos e uma menina de 2 meses.
Também conheço duas irmãs que casaram após oito anos de namoro. Uma completa este ano 20 anos de casamento feliz e tem 2 meninos já crescidos, a outra divorciou-se 4 anos depois do casamento. Hoje tem uma menina de outro relacionamento. Deve haver muitos outros casos.
Por isso, Eva Luna, julgo que não deve preocupar-se tanto com o casamento e sim procurar ser feliz. O destino marcará a hora de se casar, se tiver que acontecer… Um beijinho grande. Isabel Q
Que engraçado, nunca tinha percebido que vives em Aveiro! Então somos quase vizinhas!
Pois, assim é complicado - mas talvez ele não tenha percebido ainda o quão importante é para ti casar. Tem uma conversa franca com ele! ;)
Obrigada pelos vossos comentários :)
Eu tive uma prima que namorou 10 anos, casaram e passados 2 anos estavam divorciados. O que me incomoda é mais a falta de certezas do que todo o resto, se o casamento fosse garantia de felicidade não tinhamos 70 divórcios a cada 100 casamentos. Pelo contrário, já dei por mim a pensar que "mal de mim" se já tivesse casada com a vontade que as vezes tenho de o esganar ;) o que me aborrece é a atitude de "um dia, logo se vê". Mas é em relação a isso, como a vários outros assuntos, a pagar contas, a marcar férias, a comprar um carro, a tomar decisões que precisam ser tomadas, gostava que às vezes fossemos, como casal, mais determinados. :)
Uma das coisas que realmente me deixa triste neste tema é que as pessoas que são importantes para nós, não estão necessariamente a ficar mais novas e deixa-me triste que, no futuro, elas possam já não estar presentes. Isso sim, é o que mais me incomoda sinceramente.
Cynthia é um facto que agora os casamentos parecem descartáveis. 8 anos parece-me já uma eternidade :)
Sónia RM eu associo o viver juntos, como aconteceu comigo, como uma solução tomada mais do ponto de vista logístico e financeiro e casar como uma decisão mais afetiva. Propiciou-se vivermos juntos para não pagarmos uma renda de casa sozinhos, para ele não estar a viver com os tios e parece que só depois porque queriamos morar juntos (quer dizer... queriamos como quem diz, que eu não queria muito ;) )
Isabel Q., não é um assunto que me tire o sono, só volta e meia vem à baila mais fruto de fatores externos, como as pessoas perguntarem ou os amigos insistirem.
Russa Loirinha, pois que mudei-me para Aveiro e gosto muito da cidade!
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