sexta-feira, 23 de outubro de 2020

O noivo é que sabe



Para mim este programa é puro entretenimento.
Noivas que criticam tudo, famílias em choque, noivos que acham uma excelente ideia gastarem 600€ em lonas para decoração que são para deitar fora no dia seguinte, mas escolhem alianças de 9k, que é algo que fica para eles para sempre, sogras com uns copitos a falar mais do que a conta. Ahhh, adoro.

Este programa é revolucionário, não pelo conceito, não por ser o noivo a tratar de tudo, mas por permitir a milhares de portuguesas poder falar sobre casamento aos seu namorados, sem que pareça forçado, afinal estamos só a "comentar um programa de tv" e pode ser que aqueles homens que namoram há 300 anos percebam a dica subtil e que agora pode ser diária, ups, bem feita homens procrastinadores. Deviam ouvir falar do programa até doer os miolos. "Ah, já viste tão atencioso este noivo", "Olha lembrou-se deste detalhe", "parece uma jóia de moço e o que ele pensou sobre estes centros de mesa só porque a noiva adora o tema da Princesa Sereia". Enfim, aproveitem mulheres e homens pela oportunidade nunca antes vista de massacrarem os vossos atrasados respectivos. Falo por mim, 10 anos de namoro? Ele não devia querer um relacionamento, mas fazer uma licentuatura, pós-graduação e um doutoramento acerca da minha pessoa. Presumo que se lhe perguntar a primeira vez que comi arroz de feijão ele saiba responder, só assim justifica todos estes anos de estudos intensos. 

Contudo, porém, para mim edo ponto de vista do telespectador todos aqueles cenários são pura diversão, uma pessoa esconde a cara uns segundo com a almofada - de vergonha -, enquanto delira em simultâneo, mas e aqui é preciso um tom mais sofrido e melancólico... enquanto noiva (chip que só liga depois de acabar de ver o programa) fico solidária com aquelas noivas. 

Uma, a do Porto, teve o sogro todo o copo-de-água "ai, mimi, que a mesa ficou muito longe dos noivos, mimi", bora trocar 12 pessoas de mesa, fazer de conta que não há covid e andar ali com as pessoas para trás e para a frente e ainda ficar a comiserar-se "o meu filho não me fazia isso, ai não sei quê, ai chame a gerência, ai então mas não se via logo que não pode ser", "aqui a um canto, mas isto tem lá jeito".
Amigos, amigos... Os pais já casaram, sosseguem as piriquitas. Como é que é possível ser um pai ou mãe a fazer uma grande cena no casamento dos próprios filhos, por uma coisa que valha-me deus foi tudo dado de graça, por ficar ali num lugar mais longe que não tem importância montam aquele escabeche todo. 
Ai amigos, até eu perdoar ia ser difícil. Não há explicação possível, os noivos não deviam ter que estar preocupados com este tipo de barracadas, porque podem ter um dia incrível mas o que fica são os desaires destas pessoas. Não entendo.

Neste último foi a mãe que era o bobo da corte, amigos, que me-do. É o dia dos noivos, qual a razão de serem os próprios pais a causar estas fitas? Não terão já idade para se comportar? São, pais e de pessoas adultas que já podiam ter filhos com a dentição completa, por isso não entendo muito bem o que acontece.   

E vocês? Algum episódio que vos tenha marcado em algum casamento ou no vosso?

Eu começo, um casamento lindo e tudo mais, mas passados anos já não me lembro sequer como ia a noiva mas que ficou como "o casamento em que o drone foi abatido pelo fogo de artifício"...

domingo, 11 de outubro de 2020

Só vim aqui dizer que agora uso óculos

 


Como se 2020 não fosse mau suficiente... agora também uso óculos, que é para ver melhor este ano, que até à data está como nós sabemos...

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Sabem quando descobrem algo que faz todo o sentido, mas que só descobrimos muito depois?


Eu considero-me uma pessoa preocupada com o desperdício, sobretudo alimentar, mas aos poucos fui alargando o meu leque de consciencialização com outras questões ambientais e económicas.

Quando tomo banho faço por diminuir a pressão do chuveiro para diminuir o caudal da água que gasto, sempre que deito água fora porque ficou na garrafa muito tempo, fico a pensar nos milhões de pessoas que não têm água potável e eu ali a fazer aquela asneira. Dou por mim a pensar a cada gesto destes e a diminuí-los ao máximo.

Tornei-me adepta, sem preconceito, de mobilia em segunda mão. Não coisas muito pessoais como sofás ou camas, mas mesas de centro, estantes, móveis. Se está bom, se vou pagar metade do que ele custa, se vamos dar uso a algo que iria estragar-se, está óptimo para mim.

Roupa com etiqueta nunca usada, que compramos naquelas alucinações do "vai servir quando emagrecer", "para quando tiver uma festa", "está a metade do preço vou levar" entre outras que tais, que nunca vestimos e que estão novas? Já vendi e já comprei. Quem me segue há muitos anos sabe que antes eu comprava muitas coisas, sobretudo por impulso e que aprendi a gerir melhor as minhas compras e o meu dinheiro. Não é sustentável estes hábitos de compra massiva. Aprender a comprar menos e apenas coisas que tenho a certeza que gosto. Nunca mais comprei aquelas peças do "vou levar que talvez consiga usar" e se o faço são aqueles terceiros saldos em que já está a 2,99€.

Já tinha toda esta consciência e já fazia por me ajustar a novos hábitos, mais sustentáveis, baratos e melhores para o ambiente. Não me tornei hippie, vamos ter calma, mas refreei os meus hábitos de consumo, os impulsos e hoje sou muito mais racional e menos emocional ao comprar. 

Contudo, só agora me deparo com algo que são os grupos do facebook "Dou se vieres buscar" ou outras designações semelhantes, há em todo os país, muitas vezes vários em cada cidade e as pessoas partilham aquilo que podem dar ou que precisam. Algo tão básico mas que faz tanto o sentido. Todos nós temos tralha que mora algures na garagem que nunca vê a luz do dia e que, ao mesmo tempo, fazia falta a alguém. Dá-se a quem precisa e não é preciso ser-se nenhuma organização, nem fazer voluntariado, todos podemos fazê-lo facilmente sem qualquer inconveniente. Fiquei assoberbada com a quantidade de pessoas a fazer o bem, dos gestos altruístas de quem podia vender, mas que dá sem pedir nada em troca. Algo insignificante para nós, que não damos uso e se está a estragar lá em casa, mas que pode ser tudo o que alguém precisa. Já doei um leitor de dvd que tinha em casa dos meus pais e que estava lá a apanhar pó, que alguém estava a pedir, ora nem é tarde nem é cedo, mandei mensagem e vieram buscá-lo.

Claro que nos expõe à realidade, aos pedidos de todo o tipo, à percepção das fragilidades dos outros, que infelizmente são muitas e que temos que ter consciência que não conseguimos ajudar. Já disse ao namorado para não entrar exatamente por causa disso, porque lhe iria causar uma impotência que não lhe faria bem e que é difícil de lidar. Certamente não dá para todos, mas que é uma ideia brilhante lá isso é, sem falar nas pessoas que estão a moderar tudo aquilo, a tentar gerir situações menos boas, a reunir esforços, a par do seu dia, da sua família. Muito surpreendida com a generosidade e com a prontidão que as pessoas têm em ajudar.

Podemos todos fazer um pouco mais, na verdade, por isso se alguém tiver algo que vai deitar fora, que não precise, que não use, a minha sugestão é partilhar nestes grupos, há sempre alguém a precisar e mesmo nós podemos conhecer uma situação ou até precisar de ajuda, em algum momento.

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