Eu considero-me uma pessoa preocupada com o desperdício, sobretudo alimentar, mas aos poucos fui alargando o meu leque de consciencialização com outras questões ambientais e económicas.
Quando tomo banho faço por diminuir a pressão do chuveiro para diminuir o caudal da água que gasto, sempre que deito água fora porque ficou na garrafa muito tempo, fico a pensar nos milhões de pessoas que não têm água potável e eu ali a fazer aquela asneira. Dou por mim a pensar a cada gesto destes e a diminuí-los ao máximo.
Tornei-me adepta, sem preconceito, de mobilia em segunda mão. Não coisas muito pessoais como sofás ou camas, mas mesas de centro, estantes, móveis. Se está bom, se vou pagar metade do que ele custa, se vamos dar uso a algo que iria estragar-se, está óptimo para mim.
Roupa com etiqueta nunca usada, que compramos naquelas alucinações do "vai servir quando emagrecer", "para quando tiver uma festa", "está a metade do preço vou levar" entre outras que tais, que nunca vestimos e que estão novas? Já vendi e já comprei. Quem me segue há muitos anos sabe que antes eu comprava muitas coisas, sobretudo por impulso e que aprendi a gerir melhor as minhas compras e o meu dinheiro. Não é sustentável estes hábitos de compra massiva. Aprender a comprar menos e apenas coisas que tenho a certeza que gosto. Nunca mais comprei aquelas peças do "vou levar que talvez consiga usar" e se o faço são aqueles terceiros saldos em que já está a 2,99€.
Já tinha toda esta consciência e já fazia por me ajustar a novos hábitos, mais sustentáveis, baratos e melhores para o ambiente. Não me tornei hippie, vamos ter calma, mas refreei os meus hábitos de consumo, os impulsos e hoje sou muito mais racional e menos emocional ao comprar.
Contudo, só agora me deparo com algo que são os grupos do facebook "Dou se vieres buscar" ou outras designações semelhantes, há em todo os país, muitas vezes vários em cada cidade e as pessoas partilham aquilo que podem dar ou que precisam. Algo tão básico mas que faz tanto o sentido. Todos nós temos tralha que mora algures na garagem que nunca vê a luz do dia e que, ao mesmo tempo, fazia falta a alguém. Dá-se a quem precisa e não é preciso ser-se nenhuma organização, nem fazer voluntariado, todos podemos fazê-lo facilmente sem qualquer inconveniente. Fiquei assoberbada com a quantidade de pessoas a fazer o bem, dos gestos altruístas de quem podia vender, mas que dá sem pedir nada em troca. Algo insignificante para nós, que não damos uso e se está a estragar lá em casa, mas que pode ser tudo o que alguém precisa. Já doei um leitor de dvd que tinha em casa dos meus pais e que estava lá a apanhar pó, que alguém estava a pedir, ora nem é tarde nem é cedo, mandei mensagem e vieram buscá-lo.
Claro que nos expõe à realidade, aos pedidos de todo o tipo, à percepção das fragilidades dos outros, que infelizmente são muitas e que temos que ter consciência que não conseguimos ajudar. Já disse ao namorado para não entrar exatamente por causa disso, porque lhe iria causar uma impotência que não lhe faria bem e que é difícil de lidar. Certamente não dá para todos, mas que é uma ideia brilhante lá isso é, sem falar nas pessoas que estão a moderar tudo aquilo, a tentar gerir situações menos boas, a reunir esforços, a par do seu dia, da sua família. Muito surpreendida com a generosidade e com a prontidão que as pessoas têm em ajudar.
Podemos todos fazer um pouco mais, na verdade, por isso se alguém tiver algo que vai deitar fora, que não precise, que não use, a minha sugestão é partilhar nestes grupos, há sempre alguém a precisar e mesmo nós podemos conhecer uma situação ou até precisar de ajuda, em algum momento.
3 comentários:
Não conhecia esse tipo de grupos mas já vi noutros aqui da zona onde moram e onde publicam de tudo e esse tipo de pedidos ou de ofertas também aparece e há sempre alguém que ajuda ou conhece quem possa ajudar. Acho fantástico!
Achei formidável e a prontidão em ajudar é incrível.
Eu circulo muito pelo facebook e sou administradora de um grupo assim na minha vila. O objectivo passa por ajudar quem precisa, mas não só. Também por reutilizar. Mesmo que quem pede não esteja a passar dificuldades, se o destino ia ser o lixo, porque não dar a alguém que lhe vai dar nova vida? É assim que vejo as coisas. Há muitos anos que adquiro coisas em 2ª mão.
Também, nos últimos 5 anos, basicamente sozinha, geri um projecto de solidariedade para ajudar famílias carenciadas, que dá imenso trabalho e que, desde que fui mãe pela 2ª vez, tive que pôr um bocadinho em stand by. No entanto, é uma coisa que adoro fazer. É gratificante.
Enviar um comentário