sexta-feira, 27 de novembro de 2020

After Life



Mais reduzidos à nossa insignificância e a casa aderimos à Netflix, muito por causa da série The Crown, como já aqui tinha falado, que foi devorada, como o Ricardo Araújo Pereira sorve um pudim, por isso tivemos que avançar para outras séries.

Escolher a próxima série tem que se lhe diga. Tem que agradar minimamente aos dois, para que não haja um que 2 minutos depois já esteja no telefone ou a dormir, depois tem que ou acrescentar algo ou então entreter.

Passei por 500 opções, mas nada me parecia suficientemente apetecível, uma das opções era um documentário sobre Anne Frank o que me deixou tentada, mas também não queria algo triste. Já basta o que basta. Continuei até uma série chamada After Life de um conhecido comediante britânico, o Ricky Gervais.

Ora de que é que temos mais medo no mundo? Morrer ou que os nossos mais próximos nos faltem. Certo? Então como será viver sem esse medo? Como vive alguém que perdeu a pessoa mais importante e cuja vida já não faz sentido? É nisto que a série se baseia.

A primeira temporada é algo muito bom. Acreditem em mim. Confronta-nos com a finitude da nossa existência, faz-nos rir de coisas que não era suposto e chorar no minuto seguinte. Houve uma preocupação de passar mensagens muito importantes de tolerância para com os outros, de percebermos quando os outros procuram atenção e como isso é um mecanismo de eles próprios lidarem com carências e fragilidades, que nós podemos ser compreensivos em vez de críticos. Que estarmos tristes ou infelizes não legitima que tenhamos que tornar a vida dos outros miserável. Que acabar com a própria vida pode ser um ato egoísta e que podemos estar aqui para o outros, que precisam de nós e que nos ajudaram noutros momentos. Fala em como as adições podem ser um escape demasiado rápido para as pessoas lidarem com a dor e como, na prátic,a só nos afundam nos problemas que queríamos esconder. Fala daquilo que não fazemos por vergonha ou porque damos por garantido, achando que teremos sempre tempo e uma nova oportunidade, e que depois, por vezes, não temos e não há volta a dar. 

É um exercício de valorização dos outros que fazem parte da nossa vida, da sua importância  para a nossa suficiência, para o nosso conforto e equilíbrio. Fala-se de crênças, de ideias pré-concebidas, de religião, de adição, de auto-consciência, de solidão, de vazio, mas também de recomeço.


 Gostei muito.  

domingo, 22 de novembro de 2020

De conto de fadas a história de terror



Como já disse temos visto todas as temporadas de The Crown e hoje vimos o documentário da Netflix The Story of Diana.

Sabia que aquele casamento não tinha corrido muito bem, mas não tinha a noção de quão miserável foi a vida desta mulher. Que história terrível. Viveu um casamento a três e era obrigada a conviver a amante do marido, sofreu de bulimia severa, teve que ser mãe e mulher quando ainda era uma jovem, Lidar com a comunicação social que a absorveu, que a perseguiu, com uma casa real que invejava a sua popularidade e que não perdeu qualquer tempo a apoiar alguém que não estava preparada nem tinha estofo para lidar com o que viria junto com o seu casamento. Todo o documentário da Netflix é baseado no relato da princesa na primeira pessoa onde ela tem a oportunidade de dizer que o dia do casamento foi o pior dia da sua vida. Enfim, é incrível ver como o que toda a gente achava que era um conto de fadas foi um pesadelo terrível e inimaginável. 

Moral da história e em tempos de redes sociais: As aparências enganam.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Covid-19

Isto que está a acontecer é surreal. E achavamos nós que tínhamos problemas...

Parece uma contagem regressiva até acontecer. No meu trabalho já há casos e a dúvida mora aqui, será que hoje estou bem mas já se passa alguma coisa? Pelo que percebi os critérios para o isolamento profilático são uma comédia. A minha sogra esteve com alguém positivo, não foi referenciada pelos serviços da linha de saúde como contacto de risco, mas uma pessoa infetada esteve em casa dela, uma das pessoas em casa não tinha máscara, apesar da senhora que estava positiva ter, e não há qualquer referênciação. Importa dizer que a minha sogra trabalha num lar. Seguiu-se isolamento profilático por conta dela, para não lhe morar na consciência que tinha ido trabalhar depois de saber que teve contacto com um caso positivo. 

Enfim. Nem quero imaginar as histórias de quem sobreviver a isto. As famílias. Os lutos. As outras doenças que progrediram porque não havia resposta. Os efeitos secundários. A economia. As mazelas para a saúde das pessoas.

Sabem aqueles filmes que achamos que eles abusaram na ficção científica? É o que isto me parece... mas em real.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O que te dirias aos 18 anos?



No outro dia vi uma pergunta que me deixou a pensar:

"Se pudesses dizer alguma coisa a ti próprio quando tinhas 18 anos, em três palavras, o que dirias?"

A publicação, feita nos EUA num conta pública de instagram, tem mais de 15 mil comentários com as respostas das pessoas. Vamos aqui analisar as respostas mais dadas:


Dont marry him / Let him go

80% das respostas dizem isto. Os relacionamentos são difíceis. Não é fácil estar-se alinhado, em todos os aspectos, com outra pessoa para sempre. 

Eu e o namorado acompanhamos a série The Crown e vimos agora a 4ª temporada onde mostram detalhes da relação da Princesa Diana e do Carlos. Engraçado como ele é que é o príncipe e me sai muito mais  rápido e soa melhor escrever princesa em relação a ela, do que a ele. Adiante, mas serve para mostrar como duas pessoas que aparentemente tinham tudo para serem felizes era miseráveis. Ela tinha casado com um príncipe, wow, ele tinha casado com uma miúda gira, afável, que todos invejavam, tinham tudo, tinham uma família e mesmo assim eram infelizes.

Isto para dizer que mesmo que duas pessoas se entendam em 90% das questões, haverá sempre lugar a nem que seja 10% de desacordo por visões, personalidades e modos de estar na vida diferentes. Em relação à família de ambos ou em constituir família ou não, ou porque um gasta mais do que outro, ou porque um dedica menos tempo ao outro, ou porque há terceiras pessoas envolvidas, ou porque há mil atividades na vida de um e do outro não, ou porque há diferenças na manifestação de afeto. A lista poderia continuar, mas aqui o ponto é que, de facto, não é fácil. Quem toma esta decisão com 18, 19, 20 anos também ainda corre mais esse risco, uma vez que eu penso que é a idade em que se acha que se tem todas as certezas do mundo e depois lá vem a vida dar um estalo de realidade para colocar as pessoas no sítio. Com trinta já não és a mesma pessoa do que com 15, quando muitos de nós começamos a namorar. Vejo nessas relações que perduraram, como em todas, essa luta e é perceptível as razões de muitos divórcios, dai que entendo o enorme volume de respostas a dizer isso. 


Buy apple/amazon/facebook stocks

5% dizem isto. Claro que hoje é fácil dizer qual era o cavalo certo a apostar, o difícil era prever o futuro. Acho que poderemos sempre dizer o mesmo daqui a 15 anos, "devia ter investido em acções da Empresa X ou Y". É jogar em como prever o futuro e isso não é para muitos. Nestes casos nem é preciso ir tão longe, se sabíamos tinhamos investido em acções do programa de conferências Zoom, no ano passado e estavamos agora todos a ler isto numa espreguiçadeira, nas ilhas Fiji. É um jogo de sorte e de risco, nada a fazer.


 Use a condom / Dont get pregnant / Dont have kids

Esta é muito muito boa e muito comum também. Só imagino os filhos a lerem os pais a responderem isto no instagram. Posso imaginar as conversas que isto dá: "Eu adoro-te filho, não me entendas mal, mas meio que vieste arruinar a minha vida." Autch...


Runaway and travel / Travel the world 

Sem dúvida que se soubesse o que sei hoje teria já feito mais duas ou três viagens. Há qualquer coisa de incrível em conhecer novos países, locais, em ver na tv e dizer "olha já estivemos ali". Acho que esse direito ainda é pouco democrático, infelizmente pelos rendimentos que nós portugueses temos e de povos com ainda menos do que nós, é um luxo. Não querendo ser irrealista, mas já sendo, devia ser possível e mais acessível todos os residentes no continente poderem conhecer e visitar as nossas ilhas e vice-versa, por exemplo, tipo um cheque viagem, depois cada um poupava para fazer ou ficar onde entendesse mas todos terem democraticamente essa oportunidade, se quisessem. 

Runaway and travel é um bom lema, mas se for para dizer a alguém com 18 anos diria: work hard, save money and once or twice a year run away and travel. Não vão os jovens achar que é fácil assim, que basta ir e mais nada. 


Hug your dad / Call your brother / Family is everything

Esta é daquelas que dói sempre. Nunca será suficiente e nós, seres humanos, vamos ganhando hábitos de achar que temos as pessoas como garantidas. Depois acontecem coisas como estas e estamos aqui aflitos porque quando podíamos ter abraçado mais não o fizemos e agora simplesmente não podemos.


Outras são: go to theraphy, treat mom better, stay in school, believe in yourself.


À primeira vista parece algo sem importância, no meio de milhares no instagram, mas depois achei que é muito  mais profundo do que isso e que há sempre ensinamentos a tirar disto.


Eu diria: "Sê (ainda) mais grata", "Não magoes terceiros" e se soubesse que iria conhecer o meu namorado mesmo assim "diria-me" "Escolhe outro curso". 

Desse lado, o que vos diriam?

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Novo episódio no podcast

 


Para ouvir aqui ou aqui.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Talvez não me consiga explicar mas...


É só de mim ou vivemos numa era onde parece que toda a gente está a conquistar coisas o tempo todo e nós estamos parados a olhar o sucesso dos outros? É uma falsa crença, eu sei, muito motivada pela farsa que são as redes sociais e onde só mostramos o melhor de uma vida aparentemente espetacular. Eu percebo isso.

Contudo, também é verdade que temos toda a informação à mão de semear, que podemos rapidamente aprender de casa a fazer desde renda de bilros, a investimentos financeiros, a roupa, enfim, uma infinitude de projetos. Felizmente, e apesar de tudo isto que está a acontecer, ainda conseguimos manter os nossos trabalhos, mas sinto, mesmo assim, que não estou a fazer o dinheiro que devia, que podia rentabilizar melhor o tempo que tenho. Tenho aquela sensação constante que podia arranjar um novo projeto, algo que pudesse rentabilizar, conciliar com o que faço. Sinto que o tempo que tenho fora do trabalho (depois das 40h) que podia estar em empregar em algo que gostasse, só não sei em quê. Dá a sensação que os outros estão um passo à nossa frente, a comprar imóveis para rentabilizar, a criar projetos bem sucedidos de agricultura, a vender as mais pequenas coisas, enquanto sou uma espectadora de bancada e sei que isso poderá fazer a diferença no futuro, nas oportunidades que poderei ter, que poderei dar a um filho no futuro, não sei se me conseguirão entender.


O namorado de uma colega de trabalho, em conversa com ela, disse-lhe sobre mim o seguinte: "Mas que objetivos é que ela tem? Já viste o carro que ela conduz? Num discurso onde a menosprezava a ela e a mim por ser amiga dela, onde menosprezava as minhas ambições na vida e aquilo que eu tenho ou já consegui. Sim, o meu carro do dia-a-dia tem 20 anos e se ele acha que é mau, nem sabe a história a meio, porque se soubesse que nem sempre ele pega, que se desliga por vezes do nada e que um dos piscas nem funciona diria ainda pior. Não me afeta, quem me dera a mim que durasse mais 5 anos que ficava feliz da vida, serve lindamente para o objetivo que tem, levar-me ao trabalho e a casa. 20 minutos por dia e está óptimo. Não tenho grandes pretenções de aparentar um status, um nível de vida incrível. Não preciso de coisas incríveis, gosto de coisas boas, mas isso não tolda o meu foco e definitivamente não faço uma vida acima das minhas possibilidades. Tenho os pés muito bem assentes na terra, preciso dessa firmeza e dessa estabilidade. No entanto, de facto, sinto que podia fazer mais, que tenho a energia e ainda algum tempo que me permitiria aplicar num projeto, em algo que mesmo que simples pudesse transformar num pequeno negócio, sinto que procuro isso há anos e não consigo encontrar. Há inúmeros exemplos de histórias de pessoas que descobrem as paixões nas pequenas coisas, em trabalhos manuais, na cozinha, na construção e eu aqui a com a sensação de meio gás, de estar a olhar para o lado, entendem?

Enfim, é estranho e é confuso.

Teoria da relatividade



Quando em Janeiro eu chorava porque achava que nos estava a correr tudo ao contrário, se eu sonhasse que hoje estaríamos a viver isto teria poupado aquelas lágrimas.

Moral da história: só a morte é irremediável, para tudo o resto há solução. Há que sofrer menos e relativizar. Claro que é chato, claro que estraga tudo, claro que viver é isso mesmo é lidar com aquilo que estamos em sentir, mas como já vimos há sempre a possíbilidade de as coisas ficarem piores e nos termos martirizado em vão. Tendo em conta este pesadelo, mal eu sabia que o pior estava para vir.


A minha melhor amiga do secundário casou. Soube pelo facebook. Magoou um bocadinho, confesso. Pelo que percebi não houve festa, nem a família esteve presente, mas gostava que ela me tivesse mandado uma mensagem, gostava de ter partilhado essa fase com ela. Não era preciso estar fisicamente presente, mas que ela se tivesse lembrado de partilhar comigo. Sei que já não nos encontramos há imenso tempo, que as coisas já não eram o que foram quando nos víamos. No entanto, quis partilhar com ela quando soube que me ia casar, embora a reação não fosse a que estava à espera, senti que queria fazê-lo, que fazia todo o sentido. Pelos vistos, ela não pensa da mesma maneira. É aceitar e seguir com a vida. Aceitar que os vínculos se perdem, que os laços enfraquecem, que lá porque fazemos algo a pensar em alguém não significa que essa pessoa faria o mesmo por nós.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Coisas em geral, os EUA em particular

Lembro-me de acordar há 4 anos e imediatamente após ligar a tv ter percebido que o Trump tinha ganho as eleições, que é o mesmo que acordar com a notícia de que há vida em Marte.

Quando o Obama ganhou achei, com esperança, que qualquer pessoa pode vir a ser presidente dos EUA e isso pareceu-me justo. Quando ganhou o Trump o sentimento foi o mesmo, mas de medo "oh não, afinal qualquer um pode mesmo ser presidente" e onde é que isto vai parar daqui para a frente, Kanye West? Randy do Say Yes to the dress? Não sei, ninguém sabe. 

Quando olho para chefes de estado fico admirada pelo conhecimento, por norma, a eloquência, as materias que dominam ali a responder à queima roupa em perguntas relacionadas com o mais díspares assuntos e como eles respondem a coisas que eu não saberia responder, mas eles sabem. Há toda uma admiração.

Contudo, porém, chega o Trump que fundamenta os seus argumentos com "trust me", "lixívia resolvia isso" ou "os médicos ganham por cada morte por COVID" e sabemos que o mundo nunca mais seria o mesmo. A minha opinião, pelo menos do que nos chega cá, é que é um acéfalo, sem conhecimento, autoritário, machista e uma vergonha para os EUA e para o mundo.

Certo dia, há 2 anos, fomos jantar com uns amigos do namorado que vivem dos EUA, são portugueses mas vivem lá praí há 10 anos. Eles contavam que estavam melhor com o Trump (queixo cai na sopa de imediato), que havia mais segurança nas ruas, mais emprego, melhores condições do que com o Obama. Oh, well... o que dizer disto? Não sei, disse-lhes aquilo que nos chegava cá e eles disseram que só chegavam os maus exemplos e que havia muitas coisas que tinham mudado para melhor. Pareceu-me impossível, mas são eles que efetivamente vivem lá.

Hoje liguei novamente a tv, o Trump continua a ganhar em vários estados e embora não perceba como, face a todos os disparates que diz há milhões que 4 anos depois continuam a querer que seja presidente e isso pode muito bem voltar a acontecer. 

Não percebo, não sei se conseguirei algum dia perceber... Acho que me faltam estudos para tal...

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