Mais reduzidos à nossa insignificância e a casa aderimos à Netflix, muito por causa da série The Crown, como já aqui tinha falado, que foi devorada, como o Ricardo Araújo Pereira sorve um pudim, por isso tivemos que avançar para outras séries.
Escolher a próxima série tem que se lhe diga. Tem que agradar minimamente aos dois, para que não haja um que 2 minutos depois já esteja no telefone ou a dormir, depois tem que ou acrescentar algo ou então entreter.
Passei por 500 opções, mas nada me parecia suficientemente apetecível, uma das opções era um documentário sobre Anne Frank o que me deixou tentada, mas também não queria algo triste. Já basta o que basta. Continuei até uma série chamada After Life de um conhecido comediante britânico, o Ricky Gervais.
Ora de que é que temos mais medo no mundo? Morrer ou que os nossos mais próximos nos faltem. Certo? Então como será viver sem esse medo? Como vive alguém que perdeu a pessoa mais importante e cuja vida já não faz sentido? É nisto que a série se baseia.
A primeira temporada é algo muito bom. Acreditem em mim. Confronta-nos com a finitude da nossa existência, faz-nos rir de coisas que não era suposto e chorar no minuto seguinte. Houve uma preocupação de passar mensagens muito importantes de tolerância para com os outros, de percebermos quando os outros procuram atenção e como isso é um mecanismo de eles próprios lidarem com carências e fragilidades, que nós podemos ser compreensivos em vez de críticos. Que estarmos tristes ou infelizes não legitima que tenhamos que tornar a vida dos outros miserável. Que acabar com a própria vida pode ser um ato egoísta e que podemos estar aqui para o outros, que precisam de nós e que nos ajudaram noutros momentos. Fala em como as adições podem ser um escape demasiado rápido para as pessoas lidarem com a dor e como, na prátic,a só nos afundam nos problemas que queríamos esconder. Fala daquilo que não fazemos por vergonha ou porque damos por garantido, achando que teremos sempre tempo e uma nova oportunidade, e que depois, por vezes, não temos e não há volta a dar.
É um exercício de valorização dos outros que fazem parte da nossa vida, da sua importância para a nossa suficiência, para o nosso conforto e equilíbrio. Fala-se de crênças, de ideias pré-concebidas, de religião, de adição, de auto-consciência, de solidão, de vazio, mas também de recomeço.
Gostei muito.
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