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Olá bebé,

Não sei como estás, espero que bem. 

O único feedback que tenho, e que me confirma de que estás aí, são as ecos.

Tinha na ideia aquelas imagens de ecografias estáticas e pensei que estivesses assim da primeira vez que te vi, sossegado, encolhido, naquela posição típica de ecografia. Não podia estar mais enganada, fiquei surpreendida quando vi ali um agitado pugilista de 6cms.
Depois de validar que estavas realmente aqui, e que não eras fruto da minha imaginação, fiquei focada em contar membros e dedos. Ainda "ontem" a minha preocupação era verificar se tinha cupões do continente e do nada as minhas preocupações ganharam muito mais significado.

Para além disso, as calças de ganga também não me servem. Presumo que não saibas, porque ainda não existias nos saldos de janeiro, mas comprei 3 pares novas recentemente. Não te sintas culpado, havemos de lá voltar.

O que é que eu te posso dizer? Os teus pais ainda não compraram NA-DA para a tua chegada. São uns pobres, que ainda estão a perceber o que é que vão conseguir sacar dos amigos e família antes de se meterem a comprar coisas. Desculpa teres tido assim conhecimento que calhaste numa família de cupões e de férias sem pulseira. Para te tranquilizar posso dizer-te que te esperam dois colos enormes, com stock ilimitado de abraços e aconchego. Bem sei que um dia trocarás - facilmente - isso por uns ténis de marca, mas mais tarde ainda não te importarás de trocar todos eles novamente por abraços.

Deixa-me falar-te do teu pai... Foi a melhor prenda que um dia te poderei dar. Ainda não sabes mas um pai é um pilar na vida de um filho. O que eu escolhi para ti é paciente, tem um coração enorme e fará tudo por ti, de bom grado. Não vamos falar das teimosices, que isso terás tempo de descobrir.

Vamos a meio desta simbiose, desta jornada em que me sinto acompanhada, em que falo contigo para te pedir desculpa por aquele tropeção na rua, que certamente te causou um tsunami de 4 na escala de Richter e daquelas batatas fritas, que não deviam nunca ter sido parte do teu jantar.
Nós aqui fora não acertamos em tudo, fazemos uns furos nas paredes meio ao lado, nem sempre lavamos logo a loiça, às vezes tropeçamos, às vezes deixamos cair uns portáteis acabados de comprar.

Somos estes dois seres imperfeitos, mas comprometidos em que saibas que o que sentimos por ti é seguro, é quente, é próximo, que te daremos espaço também para errar, mas que tentaremos dar tudo para te amparar as quedas, o máximo para te ajudar a cicatrizar as feridas inevitáveis do caminho. 

Bem, vou ficar aqui à espera de mais sinais, de pontapés, de te sentir.

Love you!