É sempre ingrato porque podemos ponderar, avaliar bem, tomar uma decisão informada e mesmo assim errar.
Decidir casar não significa que as pessoas não se divorciem;
Decidir ter filhos não significa que eles tenham a saúde que nós gostaríamos que eles tivessem e que a maternidade/paternidade fosse aquilo que estávamos à espera;
Decidir comprar um carro não significa que passados 2 meses não haja um acidente e fiquemos sem ele;
Decidir investir não significa que passados dois dias alguém nos EUA vá ao twitter escrever uma frase ou alguém numa conferência de imprensa esconda uma bebida e faça com que o teu investimento caia 50%;
Ter um emprego não significa que a empresa não abra falência no dia seguinte;
Ir de férias não significa que voltamos das férias;
Comprar um casa, que era na altura a escolha acertada, não significa que passados uns anos deixe de ser porque as necessidades da família mudam.
Mandar os filhos para a viagem de finalistas não significa que eles não tenham contacto com álcool, tabaco, drogas.
Eu tenho muito poucas certezas em relação a várias coisas, porque tudo na vida é dinâmico. Todos nós queremos não falhar em questões fraturantes e decisivas, mas será assim tão fácil não errar?
Se só tomarmos decisões quando controlarmos todas as variáveis então nunca vamos tomar nenhuma, simplesmente porque o nosso controlo é zero perante tudo o que pode acontecer.
Apesar disso as pessoas casam e engravidam e compram carro e compram casa e investem e vão de férias e metem os filhos num autocarro em direção a Espanha e erram porque deixaram ir e erram porque não deixaram ir.
Viver é um estado de risco constante. Permanente. Estar assustado é normal. Temos que viver e tomar decisões, apesar do risco. Devemos ser conscientes, fazer a análise dos riscos e aproveitar esta viagem, ainda assim, apesar do medo.
Há situações em que eu acho uma coisa e o seu contrário, ao mesmo tempo, o que é que eu faço nessa situação? Até que ponto podemos adiar a tomada de decisões, sejam elas quais forem, por causa do medo? O relógio não anda para trás. Claro que nós, geração informada, queremos certezas, com tanta informação seria naive não tomar uma decisão calculada, mas como saber qual é efetivamente a melhor decisão?
Estudem-se, avaliem-se, ponderem-se todas as situações, mas de uma coisa podemos ter certeza e devemos aprender a trazer paz a esse processo porque vamos sempre errar. Por fazer e por não ter feito.
1 comentário:
Acredito então, que seja importante deixarmos ir. Ou seja, trabalhar a aceitação, o desapego. Confiar. E é tão dificil! Eu de tanta necessidade de controlo, agora ando com gastrite nervosa. Nem controlo e ainda perco a saúde. Precisamos mesmo deixar ir.
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