No início do ano decidimos marcar este dia, de férias, para se quiséssemos fazer uma viagem. Lembro-me do marido dizer isso expressamente, porque ele nunca diz, e isso ficou gravado na minha memória.
Mal sabíamos a viagem que vinha aí. Hoje entrego a chave do apartamento que foi casa nos últimos 6 anos, onde na porta ao lado moravam amigos e havia jantares e bombons na porta sempre que chegamos a casa. Onde me roubaram cuecas do estendal numa véspera de Páscoa. A sala que foi escritório partilhado, ginásio e lavandaria na quarentena.
E mudamos para a nossa casa, casa que fica perto da praia, vamos morar para onde fugimos sempre ao fim-de-semana. Vamos ter jardim e o marido vai ter um escritório, onde o carro não tem que entrar com os espelhos fechados e nós sempre a medo.
Andamos a correr atrás do nosso sonho. Não é uma casa de "sonho" como os nossos amigos estão a comprar ou construir ou procuram, mas cumpre o nosso sonho. Um sonho com pés na terra, tal como nós. Tem tudo o que precisamos e nós demos tudo de nós e continuaremos a dar, porque a casa exige esse trabalho. Durante o processo não a mostramos a ninguém, talvez por vergonha, pelo medo das palavras ferirem, quando já estávamos, nós próprios, assoberbados.
Hoje entrego a chave. Hoje é um marco, um marco do esforço que passamos este ano com uma casa em obras, a tentar ver além do óbvio. Vieram paredes abaixo, tipo querido mudei a casa, lixei e pintei portões, paredes, onde carreguei lixo de obra sem fim, onde o marido partiu a aliança.
Está muito esforço nosso marcado naquelas paredes, naquelas janelas.
Quisemos realmente muito e demos tudo de nós. Fico feliz por ver as coisas a ganhar forma, a parecer-se realmente com uma casa,
com a nossa casa.
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