terça-feira, 29 de novembro de 2022

Um jogo, duas partes.


Sinto que a primeira fase da vida é sobre nós, ficamos autocentrados e o que importa é o nosso umbigo. Nada é mais importante, nem sempre damos o devido mérito aos nossos pais, à nossa família, muitas vezes até tornamos a sua difícil tarefa ainda mais extenuante e nem nos apercebemos. O que importa é o que queremos, e que tem que ser tudo para ontem, os dramas dos amores correspondidos e não correspondidos, enfim. Tudo sobre nós assume absoluta importância, se encaixamos ou não no que a sociedade espera de nós, se nos misturamos com os nossos pares, se somos aceites.

Depois vem a segunda parte da vida, onde percebemos que há coisas maiores que nós, que olhamos para trás com um olhar muito mais claro e desembaciado, onde reconhecemos mesmo as coisas mais simples. Onde já importa mais ter paz, do que ter razão. Aos poucos já não é sobre nós, é sobre manter laços saudáveis, sobre os projetos que fizemos e que assumem mais importância, é sobre nós "podermos esperar", as prioridades são a casa, os filhos, manter o emprego.

É um equilíbrio difícil. Eu o marido temos falado sobre esse tipo de desafios. É-nos pedidos que sejamos empregados motivados, empreendedores a part-time, pais dedicados, maridos e mulheres presentes, filhos atentos, contabilistas organizados numa vida cheia de surpresas inesperadas.

Passamos a ter vários papeis e precisamos de fazer um exercício de malabares, para manter equilíbrio.

Apesar de em poucos anos passarmos para o fim da pirâmide de Marshall, acho que importa olharmos para nós, trazermo-nos de volta, percebermos que antes de tudo isso, nós também somos importantes e que só temos estas fichas para gastar numa viagem, que não dá direito a repetição. Colocamos demasiado peso sobre nós (eu pelo menos) e nem sempre é necessário, torna a viagem mais difícil. 

Por isso, é realmente importante aproveitar a viagem. Celebrarmos as conquistas, as pequenas vitórias, estender a manta e sentar, respirar fundo, dar graças e recentrar. 

...


Esta semana há feriado. Obaa! E já estamos quase em Dezembro. 
Já começamos a comer os bombons que nos deram no Natal passado, pareciam que só estavam lá desde "ontem" e já passou um ano.

Estes anos têm sido desafiantes, num ano preparamos o casamento que tivemos que adiar, no seguinte foi casar em pandemia, irmos de lua-de-mel comigo super doente, com o efeito secundário da vacina do covid, e ter que estar altamente medicada para conseguir estar de pé.

Este ano compramos uma casa que precisava de tudo, e que fomos nós que tomamos todas as decisões, para o bem e para o mal, que ainda continua a precisar de algumas coisas e que nos deixa assoberbados e com os nervos em franja, de vez em quando. Foi o ano em que aconteceram mudanças drásticas no meu trabalho e que me obrigam a pensar sobre o futuro.

Sinto que o que nos tem ajudado a manter a sanidade é surtarmos à vez, o que ajuda muito, termos o apoio da nossa família, que está sempre pronta para ajudar e conseguirmos escapar e fazer uma viagem de vez em quando.

Agora sinto que estamos a precisar de uma pausa, desligar um bocado, respirar fundo e assimilar tudo o que aconteceu. O segundo feriado vai dar para termos um fim-de-semana prolongado, não dá para ir para fora (o que não faz mal, não sou mega fã de viajar com temperaturas negativas), mas se o tempo ajudar vamos apanhar um ar e recentrar, sinto que tenho que esvaziar a bolha, ganhar balanço. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

O mundo é um lugar feio e injusto


Sabem aquelas pessoas que são genuinamente boas pessoas? 

Eu conheço algumas pessoas dessas. Sabem daquelas que estão sempre prontas a ajudar, mesmo que desconhecidos, que doam, que pagam coisas quando sabem que alguém precisa, mesmo que nunca tenham visto as pessoas antes. Que o lema é "ajudar, uma vez que eu não levo nada comigo desta vida"? Sendo que isso inclui ajudar a família, vizinhos e filhos, o mais que possa? E que poderia apoiar ainda mais estes últimos não fosse este ímpeto de ajudar os outros? 

Ok, agora a lista encurta mais, provavelmente os dedos de uma mão seriam mais que suficientes para a grande maioria de nós. 

Alguém que gasta da sua reforma, para além das despesas já descritas, mais de 200€ em comida para animais abandonados todos os meses, alguém que vai a correr com um gato de rua para o veterinário, porque este tinha sido atropelado por alguém e se prontificam a fazer o possível para o salvar, assumindo os encargos, mesmo que o desfecho esteja quase traçado? 

Agora ficou difícil. Ninguém faz isso.


Ontem uma dessas pessoas, aqui em Aveiro, um homem, foi, tal como faz habitualmente, levar ração a animais abandonados. Ao voltar para casa viu um um casal a discutir e não interveio, a coisa começou a escalar e o homem começa a apertar fortemente o pescoço da mulher, ele aproxima-se e pede "que conversem". 

Foi a última coisa de que se lembra. Foi deixado sozinho, inconsciente, numa hora em que não passava ninguém, era noite, estava a chover e a maioria das pessoas estava tranquilamente em casa, foi deixado com um ferimento grave na cabeça, por onde perdeu imenso, imenso, sangue. Foi abandonado pelo agressor e pela vítima, que se tornou cúmplice e que não teve hesitações em abandonar, sem providenciar qualquer tipo de auxílio, o desconhecido quem a estava a tentar impedir que a asfixiassem.

Esta pessoa teve que ir de emergência para o hospital ser assistida. Esta pessoa tem 70 anos, um quadro de hemorragia craniana interna que inspira cuidados e não apresenta qualquer forma de poder ser considerado uma ameaça e mesmo assim foi agredido de forma incompreensível.


É nestas coisas que se perde fé na humanidade. Quando estiver com ele vou dizer-lhe para que não se arrependa nunca de fazer o bem, mas que, por favor, não o faça de novo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Harry Styles - vendo 2 bilhetes



Amigos, que andaides à procura de presentes de Natal (eu acho meio cedo, mas como já vi meio mundo louco no fim de semana passado, na promoção dos brinquedos do Continente, já está a valer).

Vendo 2 bilhetes para o Harry, preço de custo, não pretendo fazer fortuna, como os estupores que limparam os bilhetes do concerto dos Coldplay, para os venderem ao preço de um T2 nas Amoreiras. Também troco por 2 bilhetes para os Coldplay. Pago a diferença, se for o caso.

Pessoas do estrangeiro, que viveides fora, eu sei que estaides aí, que eu vejo nas estatísticas dos acessos, caso quereides 2 bilhetes falaides comigo e certamente ireides fazer 2 filhos/primos/tias/afilhadas, que sejam fãs do jovem, muito felizes no Natal.


Nota: Venda segura, sem esquemas, sou eu própria que estou a vender.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Sinto-me na Gucci


Cada vez que vou ao supermercado sinto-me na Gucci. Já vi maças a 4€/kg, iogurtes (1 pack de 4 a 3,99€) e dou-me sempre ao trabalho de tirar foto, meio que a não confiar no que os meus olhos estão a ver.

Depois sinto que tenho 78 anos, porque o que me ocorre pensar é: "ainda em lembro de comprar 1kg de cenouras a 0,35€ e agora estão a 0,80€". É mais do dobro. Com a massa igual, com a carne sinto o mesmo.

Dou por mim a pensar se devia reajustar-me, mudar as compras que faço, andar mais em cima das promoções comprar em mais quantidade de alimentos menos perecíveis e com mais validade, quando os preços justificam.


Não sei muito bem o que mudarei no futuro, mas com o preço das casas e rendas nestes valores, com estes preços na alimentação (que podem no futuro estabilizar, mas que nunca vão baixar aos preços de há um ou dois anos atrás) fico realmente na dúvida de como se consegue gerir um orçamento familiar.


É meio que assustador.

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