Sou cidadã de um continente de primeiro mundo. Sou branca, heterossexual. Tive oportunidade de seguir para o ensino superior, de me dedicar 100% aos estudos, sem ter que trabalhar e estudar. Sempre que fiquei doente tive acesso a cuidados de saúde e a medicação. Sempre tive segurança em ter um teto, em ter comida na mesa. Nenhum dos meus pais esteve ausente da minha educação e crescimento. Não tenho memória de qualquer conflito armado no meu país. Tive uma infância saudável e feliz.
Eu tenho absoluta noção do privilégio de ter nascido na Europa, de sentir segurança, de ter paz. Esta situação veio abalar a segurança que eu achava inatingível. Devíamos ter aprendido tudo, porque a história já nos mostrou todos os cenários e todas as consequências dos atos de ódio e de guerra, de tudo o que decorre do que não seja a diplomacia.
Não somos nós os visados, para já, mas quando está um ditador no poder passamos a ser. Todos nós. Cada vez que se elege um extremista, um lunático, um radical estamos a colocar-nos, não só a nós como a todos, à mercê de caprichos de poder, estamos a permitir cada vez mais desigualdades, estamos a semear ervas daninhas em caminhos previamente desbravados. O poder é uma coisa que se entranha, que se apodera, que domina. Nas mãos erradas pode ser destruidor. Não sei se há algo que possamos fazer, mas sei que votar com sentido crítico é tirar poder a quem, nós percebemos perfeitamente, está sedento dele, a quem a humanidade é secundária aos seus ideias e crenças.
A história já nos ensinou tudo o que tinha para ensinar, errar hoje - na era da informação - não é ignorância é um ato criminoso. Todos os envolvidos, sejamos meros cidadãos ou governantes de potencias do G7, todos sabemos exatamente as consequências das nossas escolhas.
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