sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A noção do privilégio

Sou cidadã de um continente de primeiro mundo. Sou branca, heterossexual. Tive oportunidade de seguir para o ensino superior, de me dedicar 100% aos estudos, sem ter que trabalhar e estudar. Sempre que fiquei doente tive acesso a cuidados de saúde e a medicação. Sempre tive segurança em ter um teto, em ter comida na mesa. Nenhum dos meus pais esteve ausente da minha educação e crescimento. Não tenho memória de qualquer conflito armado no meu país. Tive uma infância saudável e feliz.


Eu tenho absoluta noção do privilégio de ter nascido na Europa, de sentir segurança, de ter paz. Esta situação veio abalar a segurança que eu achava inatingível. Devíamos ter aprendido tudo, porque a história já nos mostrou todos os cenários e todas as consequências dos atos de ódio e de guerra, de tudo o que decorre do que não seja a diplomacia.


Não somos nós os visados, para já, mas quando está um ditador no poder passamos a ser. Todos nós. Cada vez que se elege um extremista, um lunático, um radical estamos a colocar-nos, não só a nós como a todos, à mercê de caprichos de poder, estamos a permitir cada vez mais desigualdades, estamos a semear ervas daninhas em caminhos previamente desbravados. O poder é uma coisa que se entranha, que se apodera, que domina. Nas mãos erradas pode ser destruidor. Não sei se há algo que possamos fazer, mas sei que votar com sentido crítico é tirar poder a quem, nós percebemos perfeitamente, está sedento dele, a quem a humanidade é secundária aos seus ideias e crenças.


A história já nos ensinou tudo o que tinha para ensinar, errar hoje - na era da informação - não é ignorância é um ato criminoso. Todos os envolvidos, sejamos meros cidadãos ou governantes de potencias do G7, todos sabemos exatamente as consequências das nossas escolhas. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Dia negro

Hoje é um dia negro. 

Depois de ver as notícias é impossível não se ficar petrificada com o que está a acontecer na Ucrânia. Saio de casa abalada com tudo o que vi, com a noção de que isto vai gerar refugiados de guerra na Europa, vai gerar mortos por causa de um tirano com o ego do tamanho do mundo, com a noção clara de que estamos a dar poder a estes lunáticos para fazer coisas destas, como demos deputados ao "coisinho", com a noção de que o poder é algo perigosíssimo, com a noção que a inflação vai subir, que produtos essenciais vão ficar mais caros e no que isso pode pesar para as famílias. Sai de cabeça baixa, realmente preocupada. 

Hoje foi o dia em que me fez imensa confusão ligar a rádio comercial onde estava a dar os Foo Fighters com Waiting On A War, e estar a ouvir coisas como "I've been waiting on a war since I was young. Since I was a little boy with a toy gun"... 

Wow, era escusado passarem músicas temáticas. Há uma alma ali que pensou "ora, está tudo isto a acontecer, vamos procurar músicas com o guerra/war na letra." como se fosse um dia de são valentim, com o "all i need is love" ou o "all i want for christmas is you" em dezembro. 

Seguido de uma rubrica de comédia.

Hoje não me apetece ouvir músicas de "guerra", nem histórias hilariantes logo de manhã, nem tão pouco gargalhadas. Hoje apetece-me silêncio, porque o barulho das bombas, dos mísseis, do medo já é, por si só, ensurdecedor.


 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Resumo de coisas

Na semana passada andei muuuuito estranha, dores de cabeça, mal-estar geral, humm.. não sei não.

Este fim-de-semana decidimos ficar por casa e vimos o vencedor dos Globos de Ouro, na categoria de melhor filme, e fortemente indicado aos Óscares: O poder do cão. Para quem tiver insónias este filme é, certamente, terapêutico.

Comprei mais umas coisas para o meu hobby! Yeeah. I'm so excited.

Consegui vender na Vinted e só queria despachar mais mil coisas que tenho em casa a ocupar. Já disse que devia fazer uma limpeza ao armário, não já? O problema é que penso "mas isto ainda está bom, ainda posso voltar a usar" e depois a peça não volta a ver a luz do sol nos próximos 3 anos.

Ah, também vimos o Impostor do Tinder (spoiler alert!) e óh-meu-deus. Como é que alguém consegue ser tão sacana? Como é que outro alguém faz uma dívida de 250mil euros em empréstimos rápidos, cujos juros devem ser monstruosos por um "desconhecido"? Como se sai de uma dívida assim? Até que ponto o dinheiro não é o motor da ilusão destas mulheres? Se fosse o perfil com mesmo jovem, fisicamente igual, com a mesma conversa, mas que andasse num Fiat uno, até que ponto suscitaria interesse, elas se apaixonariam em 3 segundos e lhe emprestariam dinheiro para uma sandes, sequer? Não acho que a culpa seja delas, acho que ele montou um enredo, credível - até certo ponto - e surreal, logo de seguida, e que elas caíram. 

Na cabeça dele ele deve considerar-se um justiceiro, do género: "não sinto culpa porque estas mulheres só se interessaram por mim pelo dinheiro e pela vida que eu ostento, são mulheres que se aproveitariam da minha posição e do que eu teria, então vou eu aproveitar-me delas", para de certa forma conseguir viver com aquelas decisões, ele destruiu centenas de vidas, roubou cerca de 10 milhões, dívidas que são as vítimas que estão a pagar, em alguma coisa ele se deve agarrar para conseguir, sequer, dormir depois de tudo.

Não tem justificação possível o que ele fez, mas ele montou um esquema, que o salvaguardou, e que parece um esquema de filme. Depois de roubar 10 milhões ele conseguiu sair, de certa forma, ileso. É algo surreal, mas também um alerta, não só para este tipo de esquemas, mas para alguns perigos quando se conhece alguém desconhecido, sobre as suas verdadeiras intenções, nas situações que nos colocamos em perigo físico e psicológico, nas decisões que tomamos de forma impulsiva e que podem ter consequências catastróficas nas nossas vidas. É um mundo estranho.

Eu disse ao marido que nós fomos uma espécie de Tinder pré-histórico, ao contrário. Ele ficou muito confuso com o conceito. Eu explico: Conhecemo-nos como se conheciam as pessoas "antigamente", em festas, em interações sociais, em que se conhecia primeiro a pessoa fisicamente e não pelas redes sociais e que "ao contrário" porque ele não tinha um jato privado, mas um Toyota Starlet de 1980. Ele tinha um "bolinhas", não me fez contrair nenhuma dívida, a única coisa que me fez contrair foi matrimónio, por isso o que mais é que eu posso pedir, hum? Se não é o sonho, nos dias de hoje depois de ver este tipo de documentário, não sei o que é... 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Eu Georgina



Um minuto de silêncio pelos servidores desta loja, que devem estar a suportar as milhares de candidaturas de emprego depois do documentário da Netflix. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Olá Fevereiro



Acho que Janeiro passou a voar! Provavelmente foi só para mim, uma vez que as pessoas costumam dizer que é um mês longuíssimo.

Para mim Janeiro é um mês caro. Coincide com o pagamento de algumas obrigações, eu faço anos, os saldos estão aí, o que significa que merecemos uma ou outra coisinha nova no armário, as compras que fizemos para o Natal, o que tudo somado é sempre começar o ano com um desfalque, então o mês passa rápido com tantas despesas. 

Uma coisa que fizemos em Janeiro, porque o tempo está surreal (#ohmeudeus #alteraçõesclimáticas #not fun) é pegarmos numas sanduíches e irmos almoçar na praia. Sabe-me pela vida.

A vida é tão louca que é importante pararmos um bocado, apanharmos um pouco de sol, respirarmos fundo e estarmos gratos.

Não vão acreditar quem já começou a adiantar as prendas de Natal...


Lembram-se do meu mimimi do costume, que ainda aconteceu neste Natal passado, de falar sobre odiar andar atrás das prendas "obrigatórias" da quadra?

As pessoas oferecem coisas, o que cria a obrigação de retribuir, as prendas das crianças, para quem é sempre uma época especial, e que gostamos de oferecer uma lembrança, aos familiares e amigos mais próximos porque são as "nossas pessoas" e porque queremos sempre assinalar a data. Resumo: muitas prendas, pouca paciência, muitas pessoas nas compras, sinto sempre muito stress, coisa que eu não acho que tenha nada a ver com o significado real do Natal.

Vai na volta fomos aos saldos no fim-de-semana passado e já despachamos muitas prendas para este próximo natal.

Para muitas pessoas isto é apenas estapafúrdio mas, para nós, fez imensa diferença (ou pelo menos espero que faça) compramos um total de 140€ (preço antes dos saldos) e ficou-nos a 25€.


Compramos meias de Natal, para os adultos, e roupinhas para os bebés e crianças da família. Tudo alusivo ao Natal. Vai ter que ficar tudo guardado até lá, mas espero que nos ajude a diminuir a pressão que sentimos nessa altura e a poupar uns trocos. Claro que nunca apetece gastar dinheiro nesta fase do ano, ainda agora saímos de uma época pouco carteira-friendly, mas fiquei contente. Mais contente fiquei quando vi que as meias que compramos chegaram à caixa e ainda tiveram uma redução de preço maior do que estava marcado. Se eu sabia tinha trazido to-das. Se no ano passado corremos toda a gente a canecas de Natal este ano será o ano das meias!


Acho que encontramos uma nova tradição lá em casa. 

Ps.: Só não sei como a TLC não me chama para aqueles programas de forretas. 

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